Mercado espera crescimento na oferta
Governo Federal expandiu prazo de parcelas, autorizou aumento do teto de juros e trabalha para facilitar o consignado privado
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As novas medidas anunciadas pelo governo federal ou em andamento devem aumentar significativamente os atuais 48 milhões de contratos de empréstimos consignados ativos no Brasil.
“O consignado do INSS opera mais de R$ 268 bilhões, 40% do total do saldo do consignado do setor público e privado”, destaca o educador financeiro e secretário executivo do Sicoob Crediacisc, Marcos Martinelli. “As novas medidas anunciadas pelo governo federal devem ampliar exponencialmente a oferta”, complementa.
Aposentados, pensionistas e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terão mais tempo para quitar os empréstimos consignados, o prazo passou de 84 para 96 meses, ou de sete para oito anos. O anúncio foi feito pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, no dia 5 de fevereiro.
“Esse prazo maior vai aliviar o valor das prestações e permitirá a reorganização financeira das famílias que utilizam essa modalidade de crédito”, avalia Martinelli. “As instituições financeiras também comemoraram porque o consignado tem risco quase zero de inadimplência”, frisa.
Com o aumento de 1,66% para 1,80% ao mês do teto das taxas de juros dos empréstimos consignados para beneficiários do INSS autorizado pelo Conselho Nacional de Previdência Social, as cooperativas de crédito continuam sendo uma das melhores opções do mercado.
“Nenhuma instituição financeira pode cobrar mais do que 1,80% ao mês de taxa de juros, mas pode cobrar menos, e como na cooperativa de crédito o objetivo não é o lucro, sempre temos as melhores condições”, observa o secretário-executivo do Sicoob Crediacisc.
Para além dessas medidas já anunciadas, a aposta do governo federal é na facilitação do consignado privado. A nova modalidade que está em discussão é aguardada para breve. A expectativa dos bancos e instituições financeiras é de uma disputa acirrada entre bancos públicos, privados e cooperativas de crédito via taxas de juros.
“O público alvo dessa nova modalidade são os trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada”, destaca Martinelli. Na estimativa do mercado, o crescimento será de R$ 80 bilhões para pelo menos R$ 120 bilhões na carteira de crédito consignado privado. “Sem dúvidas que o consignado privado será um trunfo para reduzir o custo dos empréstimos porque conta com a garantia do salário do trabalhador”, explica.
Em entrevista no final de janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o objetivo é consignar o empréstimo ao eSocial, plataforma que toda empresa tem que aderir para recolher os encargos dos trabalhadores. “O eSocial se transformou no veículo que permite o crédito consignado privado”, explicou o ministro.
Cerca de 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada têm dificuldades de acessar o crédito consignado porque para acessar a modalidade a empresa em que trabalha deve formalizar um convênio com os bancos
“A exigência do convênio dificulta para as pequenas e médias empresas e prejudica os seus trabalhadores”, pondera o especialista em consignado do Sicoob Crediacisc, Henrique Amâncio. “A empregada doméstica, o funcionário da padaria, da farmácia e do comércio em geral não consegue fazer um consignado e acaba acessando outras modalidades com taxas de juros mais altas”, observou.
De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, o governo deve editar uma Medida Provisória ou enviar um projeto de lei à Câmara Federal ainda em fevereiro para viabilizar a nova modalidade.
Independente das novas modalidades e facilidades no acesso ao empréstimo consignado, é fundamental ficar atento com qual instituição financeira contratar e comparar as melhores taxas e condições do mercado.
“A recomendação principal é sempre fazer a operação com uma instituição conhecida e de forma presencial”, salienta Amâncio. “Isso evita agir no impulso ou ser enganado por golpistas”, complementa.
Martinelli também chama a atenção para a importância de fazer um planejamento financeiro para organizar as finanças. “O consignado é a melhor alternativa para emprestar dinheiro, mas é necessário cuidado para não acumular mais dívidas e problemas”, observa. “As cooperativas de crédito são uma ótima alternativa porque além das taxas serem menores estamos interessados em difundir a educação financeira”, recomenda.