Saúde Mental e a festa de Carnaval
Para a psicologia, este “brincar” é na verdade a habilidade de achar soluções inovadoras para questões do dia a dia
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A festa de Carnaval se tornou uma das mais famosas comemorações latinas, mas poucas pessoas fazem a ligação entre o Carnaval e o tema da saúde mental. Por isso, é interessante que com a chegada do feriado, se possa pensar nessa conexão.
E em como esse período popular, por sua alegria e despreocupação, pode contribuir para um bem estar e afetar os comportamentos humanos. Visto que, mesmo não parecendo, a dualidade de “festa e descanso” precipita vários processos psíquicos.
Um deles é a questão da possibilidade de socialização. Seja em comemorações ou em períodos de relaxamento, o feriado permite que as pessoas tenham tempo hábil e um motivo comum (como bloquinhos, fantasias, músicas ou espaços) para se encontrar com outros e criar conexões. Essas que podem inclusive futuramente integrar uma rede de apoio.
O exercício de conviver com o diferente e de sair da zona de conforto para viver o contato com o próximo é algo que fala de uma capacidade de independência e de saúde, pois, traz uma possibilidade de desestresse e uma oportunidade de vida para além da rotina.
Uma vez que é comum que o cotidiano leve a uma sensação de sufocamento e a uma exaustão mental e física. Portanto, é preciso respeitar os próprios tempos de descanso e os seus limites.
Outro ponto é que as relações entre os foliões se dão pelo entendimento inconsciente de que se precisa existir um repertório social a ser trabalhado durante as festas. Sendo este: a capacidade de lidar com pessoas, culturas, opiniões ou músicas diferentes.
O problema é que há aqueles com menos traquejo social que não respeitam estes diferentes. O que pode levar a casos como os de abuso ou preconceito.
Já quando se discute sobre o que propicia as conexões interpessoais no carnaval, tem-se que muitas vezes as fantasias são iniciadoras de conversas. E, psiquicamente, essas também são importantes.
De um ponto de vista inconsciente e simbólico, toda fantasia fala algo sobre quem a usa. Mas, mais do que isso, também diz sobre a capacidade de “brincar”.
Para a psicologia, este “brincar” é na verdade a habilidade de achar soluções inovadoras para questões do dia a dia. Sendo assim, de grande valia o seu exercício. Por exemplo, uma pessoa mais tímida encontrar através da interpretação de um personagem durante o carnaval, a capacidade de conseguir se comunicar melhor.
Pensando em tudo isso, a psicologia pode se fazer aliada no entendimento de diversos processos que emergem psiquicamente no carnaval, mas que perduram para além dele. Desse modo, dando ferramentas para seus entendimentos e elaborações, seja para refletir sobre cobranças, dificuldades de socialização, angústias, preconceitos, problemas nas rotinas ou questões de personalidade.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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