Azuaite participa de comemoração dos 40 anos da democracia com homenagem a José Sarney

O professor Azuaite Martins de França, segundo vice-presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP), presidente regional da entidade em São Carlos e ex-vereador com 34 anos de mandatos, participa neste sábado (15), em Brasília, do seminário “Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios”. O evento suprapartidário é organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) em parceria com o partido Cidadania e terá como homenageado o ex-presidente José Sarney, principal condutor da transição pacífica do autoritarismo para a democracia. O seminário será realizado no Panteão da Pátria e Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, palco dos atentados recentes contra a democracia brasileira. O evento rememora o histórico 15 de março de 1985, quando o então vice de Tancredo Neves, José Sarney, tomou posse como presidente interino, encerrando 21 anos de ditadura militar iniciada pelo golpe de 1964. Sarney acabou efetivado como presidente após a morte de Tancredo.
Azuaite afirma ser uma honra participar do evento a convite dos organizadores, pois, há 40 anos, estava na capital federal nessa mesma data, quando exercia seu primeiro mandato de vereador pelo PMDB na Câmara de São Carlos. Na expectativa da posse de Tancredo Neves, hospitalizado na noite anterior, militantes partidários de São Carlos lotaram dois ônibus para acompanhar o histórico momento em que Sarney, ao assumir, representou o retorno do poder civil na condução do país.
“Aquele foi um momento crucial para a história do Brasil, que vinha de duas décadas de ditadura militar. Por meio da vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, compreendíamos que aquela era a eleição possível, embora continuássemos a defender o voto direto para presidente”, afirma Azuaite. “Naquele 15 de março, vivemos a expectativa da recuperação do presidente eleito e a comoção de seu falecimento pouco mais de um mês depois, deixando a mensagem de que não deveríamos nos dispersar. E assim fizemos, caminhando para a Constituição Cidadã de 1988 e, enfim, para a conquista da eleição direta para presidente. Hoje sabemos o quanto valeu a pena lutar e manter a esperança na construção da democracia, que se mostrou resiliente e precisa ser fortalecida, pois ainda enfrenta grandes desafios”.
Azuaite cumprimentou a Fundação Astrojildo Pereira por promover esse debate nacional, inspirado na ideia do professor Cristovam Buarque. Memórias daquele março de 1985 e da reconquista da democracia serão compartilhadas por convidados do seminário, como os ex-ministros Nelson Jobim e Rubens Ricupero. Jobim foi relator-adjunto da Comissão de Sistematização da Constituinte, e Ricupero foi o ministro da Fazenda que encaminhou ao presidente Itamar Franco a medida provisória que criou o Plano Real, pondo fim a anos de hiperinflação.
O reconhecimento internacional dessa conquista brasileira pode ser medido, de certa forma, pela presença confirmada do ex-presidente uruguaio Julio Maria Sanguinetti, que governou na mesma época que Sarney e também foi responsável pelo fim de um ciclo de 12 anos de governos autoritários em seu país. O evento contará ainda com a participação, por vídeo, da ex-presidente chilena Michelle Bachelet e da principal líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado.
Entre os participantes do seminário estão a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, e a ministra substituta do TSE, Vera Lúcia Machado Araújo, única mulher negra atualmente a ocupar uma vaga nos tribunais superiores.
A lista de convidados inclui ainda Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a exercer a profissão de advogada no Brasil e a se eleger deputada federal. Atualmente, ela preside a Funai e dividirá a mesa com o ex-ministro Raul Jungmann, Marco Marafon e Alberto Aggio. Já o cientista político e professor de humanidades da Universidade Columbia, em Nova York, Mark Lilla — autor de livros como O progressista de ontem e o de amanhã, Mentes imprudentes e Náufragos do passado — estará ao lado de Cristovam Buarque para debater as dúvidas e dívidas da democracia no Brasil e no mundo.
Ao reunir esse grupo heterogêneo de personalidades e pensadores, a FAP e o Cidadania buscam ajudar o Brasil a identificar erros cometidos ao longo de sua trajetória democrática e apontar possíveis soluções para os desafios que surgem no horizonte do país.