Erosão e fissuras comprometem canalização do córrego Gregório
Professores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) analisaram as estruturas laterais de dois pontos do córrego Gregório, um na área central próximo ao Mercado Municipal e outro próximo ao Sesc, para identificar possíveis causas do comprometimento das estruturas.
Após uma análise no local, João Sérgio Cordeiro, especialista em sistema hidráulico e Douglas Barreto, especialista em estrutura civil, indicaram problemas técnicos que levaram a estrutura do córrego a ceder próximo aos cruzamentos das ruas Comendador Alfredo Maffei e Geminiano Costa com a rua Dom Pedro II.
A principal causa apontada para o desmoronamento na rua Geminiano Costa foi a infiltração, somada a outros fatores de tempo e fluxo de tráfego que influenciaram na fragilidade da estrutura, promovendo pequenas falhas e rachaduras, que não suportaram a pressão do terreno.
O professor Barreto explica que provavelmente a infiltração ocorreu pela calçada e guias das ruas paralelas; por ser uma obra antiga, as paredes laterais não possuem um sistema de drenagem por meio de pequenos encanamentos que escoariam a água retida no solo para dentro do córrego.
Na avenida Comendador Alfredo Maffei, a correnteza do córrego começou a comprometer a base de sustentação das laterais, fazendo com que o terreno descesse e o asfalto cedesse, provocando rachaduras no asfalto.
Cordeiro diz que as rachaduras também irão contribuir para o aumento da infiltração no local, caso ocorram mais chuvas. “O local está em estado de risco, não é possível determinar por quanto tempo o terreno não irá suportar a pressão e ceder de vez. Porém os primeiros cuidados já foram feitos para interditar a passagem de veículos”, comenta.
O professor também explica que uma obra de engenharia hidráulica sempre é projetada para sua eficiência em no mínimo 50 anos, porém a evolução urbana é muito mais rápida que este tempo e deixa muitas obras deficientes ao longo dos anos.
Quando os canais de vazão das águas pluviais passam a ser insuficientes, novos mecanismos de retenção devem ser feitos, diminuindo o fluxo águas que correm aos rios.
Para resultados positivos, as obras de contenção não devem se planejadas apenas no trajeto do rio, mas também na cabeceira, pois retendo o fluxo inicial do córrego, durante o percurso, isso diminui as ocorrências de transbordamentos.
No trecho próximo ao Sesc, as últimas obras realizadas são mais modernas e com a utilização de novos mecanismos de drenagem das águas pluviais. Na análise dos professores, as estruturas não devem apresentar falhas e nem riscos de desmoronamento. Porém é importante que as obras sejam finalizadas com o paisagismo e o calçamento para garantir compactação do terreno e evitar que o aterramento lateral seja levado para dentro do córrego.
Barreto comenta que a estrutura pré-moldada será mais eficiente, porém isto não garante que transbordamentos e alagamentos ocorram, mas neste caso, o problema virá de outras áreas que sobrecarregam o fluxo do córrego. “O problema pode estar em outro ponto e chegando até aqui. Por isso a importância de se mapear todos os pontos dos córregos para identificar onde estão e quais são as causas do problema”, comenta Barreto.