Moradores reclamam de entulho na porta de casa
O encerramento da entulheira localizado no Sítio dos Cocais, ao lado do bairro Cidade Aracy, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) desde sexta-feira, coloca o seguinte problema: onde os resíduos sólidos de construção civil da cidade serão depositados? Segundo a reportagem apurou, mesmo com o funcionamento da entulheira, existiam diversos pontos em que restos de madeira, tijolos, telhas e caixas d’água foram descartados indevidamente.
No bairro Antenor Garcia, próximo ao local onde funcionava a entulheira, moradores afirmam que desde o início do ano caçambeiros percorrem o local depositando detritos.
Wellington, de 21 anos, e que mora no bairro há 6, diz: “Desde o começo do ano a gente vê jogando entulho aqui; de noite, de dia, a qualquer hora eles estão vindo”.
Questionado sobre quantos caminhões em média jogam entulho no local diariamente, ele afirma: “Uns dez. E são de várias firmas, não é de uma só, não. Caminhão de entulho, caçamba, basculante. Tudo resto de construção vem aqui. Limpeza, mato, vem tudo jogar para cá”.
Francisco, jardineiro de 55 anos, e morador do bairro há 16 anos, diz: “À noite, eu sempre topo com caminhão jogando entulho no caminho aí”, disse ao afirmar que esse lixo jogado de forma clandestina cria uma armadilha para que usa a estrada de terra para sair e voltar para casa.
A reportagem percorreu a estrada de terra que liga o Antenor Garcia ao Botafogo e, de fato, encontrou diversos pontos de lançamento de entulho. Encontrou também entulhos lançados na estrada de terra atrás do Campus II da USP.
COOPERATIVA – Com o fechamento da entulheira, diz dona Iolanda, catadores perderam o ganha-pão: “Estamos aqui há 15 anos, mexendo com o entulho. Onde os caçambeiros vão, nós vamos atrás. Tudo o que pede para ser tirado do monte, a gente tira. Só que agora eles brecaram a gente. Ficamos em treze pessoas sem ter o ganha pão pra comer”.
Segundo ela, os catadores podem recolher entulhos onde os caminhões os jogam: “Se os caminhões não jogam aqui, nós não podemos ir também. O que a gente ganha é pouco, mas vai juntando um dia mais o outro dá pra gente comer, não passar fome, sem precisar de andar pedindo para ninguém”, diz dona Iolanda, membro da cooperativa Araucária.
Outro lado
A Prefeitura informa que a única cooperativa de reciclagem ligada à administração é a Coopervida. A reportagem entrou em contato com a Coopervida, que afirmou não trabalhar em conjunto com a cooperativa Araucária.
A reportagem questionou a prefeitura sobre as ações que serão adotadas para resolver a questão da entulheira, mas não foi informada em detalhes. Foi informada apenas que as Secretarias de Ciência e Tecnologia e a de Serviços Públicos se reuniram ontem (18), juntamente com caçambeiros e uma empresa privada que ficaria responsável por receber os entulhos enquanto o alvará de uso da nova entulheira, localizada em área próxima ao Jardim Zavaglia, não fica pronto.