Dólar cai abaixo de R$2 com expectativa de entrada de divisas
O dólar fechou a sexta-feira, 26, abaixo de 2 reais pela primeira vez em 10 dias, na terceira sessão consecutiva de queda ante a moeda brasileira, devido à contínua expectativa de entrada de divisas estrangeiras no país.
O dólar recuou 0,13 por cento, para 1,9995 real na venda. Na mínima da sessão, a divisa chegou a atingir 1,9965 real na venda.
A queda só não foi maior porque a decepção com os dados de crescimento da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre reduziu o apetite dos investidores por divisas de países emergentes.
“Houve um fluxo maior de entrada, além de o governo falar que talvez seja um pouco mais agressivo em termos de Copom”, disse o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
Ele referia-se a declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, que na quinta-feira sugeriu que o Comitê de Política Monetária poderia “intensificar” o uso da Selic para combater a inflação.
A alta da Selic amplia a diferença entre o juro local e o cobrado em países desenvolvidos, onde a taxa encontra-se próxima de zero. Soma-se a isso a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) reduza ainda mais sua taxa básica, hoje em 0,75 por cento ao ano, movimento que levaria investidores a trazer recursos para o Brasil em busca de rendimentos melhores.
Além disso, as bilionárias ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) do BB Seguridade e do Smiles aumentam ainda mais a expectativa de entrada de dólares no país, já que boa parte da demanda pelas ações veio de investidores estrangeiros.
De acordo com dados do Banco Central, o fluxo cambial — balanço entre entrada e saída de divisas estrangeiras do país– ficou positivo em 4,112 bilhões de dólares entre os dias 15 e 22 de abril, puxado por forte entrada de capitais na conta comercial.
O fortalecimento do real nesta sessão foi contido, no entanto, após dados sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano levantarem dúvidas sobre o ritmo da recuperação da maior economia do mundo.
“A questão do real foi que os números nos EUA, de PIB, principalmente, tiraram um pouco o apetite pelo real e aí estamos fechando o dia praticamente estável por conta disso”, disse o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno.
A economia dos Estados Unidos recuperou força no primeiro trimestre e cresceu 2,5 por cento em base anualizada, mas o resultado ainda ficou aquém das expectativas de analistas, que previam expansão de 3 por cento.