Altomani confirma pedido de renúncia do secretário da Saúde
O prefeito Paulo Altomani (PSDB) confirmou que o secretário da Saúde, Edílson Seraphim Abrantes, deve deixa a pasta até o final do mês. A informação foi confirmada durante o anúncio de um mutirão a ser realizado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) para conter os vazamentos de água na cidade, na manhã de ontem. Outros três secretários deixaram a Prefeitura em 143 dias de governo. No dia 27 de março saíram os secretários Sérgio Angelino (Serviços Públicos) e Francisco Andriolo (Obras Públicas). Na última terça-feira (21) quem deixou a administração Altomani foi o secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Caio Graco Vilella Braga. “O doutor Edílson está estressado e pediu para sair”, explicou o prefeito Paulo Altomani, que justificou: “Eu tenho um ritmo de trabalho alucinante. Eu ligo para o secretário às 11 da noite, às 6 da manhã… uns aguentam, outros não. Sou eu quem imponho o ritmo”, esclareceu o prefeito de São Carlos.
A reportagem do Primeira Página conversou, por telefone, com o secretário Edílson. E ele foi direto ao assunto. “Eu estou secretário. Até que se arrume outro”. Questionado sobre os motivos para deixar o governo, Edílson interrompeu a conversa e voltou a repetir a frase do início da conversa. A reportagem perguntou se o secretário tinha algo a acrescentar, ele foi direto: “Não. É só isso”.
Sobre a substituição do secretário de Habitação, Altomani disse que tem um nome. “Estou trazendo de fora [o secretário]. É uma pessoa que participou da equipe do Jaime Lerner, em Curitiba”. Altomani não quis revelar o nome. Lerner foi prefeito de Curitiba por três vezes e governador do Paraná por duas vezes.
BAIXAS – Com a saída de Caio Braga e, futuramente, Edílson Abrantes, a administração Altomani sente o desfalque de quatro secretários municipais. Em 27 de março, o governo anunciou as saídas de Francisco Andriolo (Obras) e Sérgio Angelino (Serviços Públicos). O primeiro alegou questões profissionais para deixar a secretaria. Angelino, segundo informações da época, enfrentava problemas de saúde. A secretaria de Obras era acumulada por Caio Braga, que deixou o governo na terça-feira e quem responde por serviços públicos interinamente é o secretário de Governo, Júlio César de Barros Soldado.
O professor de administração pública da Unesp de Araraquara, Álvaro Guedes, acredita que os desafios das iniciativas pública e privada são os mesmos, por isso ele desconstrói a ideia de que a incompatibilidade de funções é um motivo consistente para a saída dos secretários. “O que pode diferenciar é o perfil de trabalho. O prefeito de São Carlos vem da iniciativa privada e, talvez, ao trazer esse ritmo de trabalho para o setor público, os impactos e os desafios não são assimilados na mesma velocidade e isso gera a incompatibilidade com o perfil de trabalho de quem o acompanha”, afirma Guedes.
O professor da Unesp salienta que o prefeito tem autonomia ao escolher o secretário e que jamais pode deixar de contar com a experiência dos funcionários de carreira. “O secretário precisa estar aberto ao conhecimento, por isso não deve abrir mão de contar com o apoio do servidor público no desenvolvimento do seu trabalho”, concluiu.