A eclosão do vozear das ruas
As manifestações que estão ocorrendo no Brasil todo, é fruto do descontentamento do povo brasileiro, que há muito, permanece em estado de latência. Esse lapso temporal estava em dormência, até que devido a certas necessidades prementes, adstritas a estímulos específicos, foram o estopim de reações populares, ou seja, os acontecimentos que vemos na atualidade. Esses atos significam o despertar de uma situação, a qual demonstra a cada ano, mais desfavorável ao povo brasileiro. Não tenho condições de declinar um item favorável ao nosso povo sofrível, mormente, àqueles das primeiras camadas desfavorecidas tanto economicamente, quanto socialmente. As manifestações começaram de forma tímida, em abril em Porto Alegre, formada por jovens, todavia, logo foi se avolumando e, acostando-se, outras faixas etárias que aglutinaram ao movimento. Ganhou empenho no dia 13 de junho, onde manifestantes concentraram-se na vias públicas de São Paulo, atraindo adeptos, ocorrendo uma grande mobilização. O motivo inicial tornou-se evidente com o descontentamento dos preços cobrados nos transportes coletivos, destinado à livre locomoção das pessoas em geral, pedindo a revogação dos aumentos, bem como, a postulação do Passe Livre. Realmente, o valor cobrado é um absurdo, mormente para os trabalhadores e estudantes, nas capitais, ainda mais nas cidades do interior, onde o trajeto da linha é bem mais curto do que das metrópoles. Com o passar dos dias, o desenrolar das reivindicações foram recrudescendo, ostentando diversas bandeiras, formando uma mescla de desagrados, pois são inúmeros os motivos que desgastam o povo brasileiro. Passe livre, aumento exorbitante da inflação, segurança, saúde, educação, pedágios, aumentos dos serviços públicos, gastos excessivos com a Copa de 2014, construção de monumentais estádios, o combate à corrupção, a impunidade, a insegurança, a violência que grassa nossa sociedade, a escorchante carga de impostos, o mau uso do dinheiro público, etc. Daí foi um pipocar de manifestações em todos os Estados da Federação, nas capitais e em quase todas as cidades do interior, demonstrando a intensa insatisfação reinante, diante dos exageros e abusos na vida do povo brasileiro. Concordo com a manifestação popular, mas de forma pacífica, pois o cidadão possui o direito de protestar, questionar sobre algo que está sendo prejudicial ao bem comum. Não de forma violenta, fruto de grupos ociosos e de pessoas de mau caráter, marginais, e aproveitadores, desprovidos de ideais comuns ao povo, agindo com violência, provocando dano no patrimônio público e privado. Esse comportamento selvagem, violento, de vandalismo, somente ocasiona desordens e tumultos, prejudicando até a produtividade do comércio, indústrias, escolas, órgãos públicos, as vias públicas, algo similar a uma praça de guerra. O cidadão ordeiro e de bem, jamais comungará com essa modalidade nefasta. Realmente, uma postura que prejudica os ideais verdadeiros daqueles reivindicantes. Lamentável mesmo.
(*) Delegado de Polícia