Assembleia decide pelo fim da greve no Metrô
Uma assembleia do Sindicato dos Metroviários decidiu na tarde desta quarta-feira, 23, pelo fim da greve no Metrô de São Paulo, que provocou um congestionamento recorde na maior cidade do país nesta manhã.
A categoria aceitou proposta do Metrô de reajuste total de 6,17 por cento dos salários, além de elevar o vale alimentação e o vale refeição. Segundo o sindicato, que representa 8.800 trabalhadores, o Metrô se comprometeu a não descontar o dia parado dos grevistas.
A categoria pedia 5,37 por cento de reajuste, mais aumento real de 14,99 por cento. Apesar de ter concordado com um aumento menor do que o inicialmente buscado, o sindicato argumenta que o acordo foi benéfico pois inclui aumento de mais de 45 por cento no vale alimentação e superior a 20 por cento no vale refeição.
O retorno ao trabalho será imediato, o que pode amenizar o sofrimento dos paulistanos na volta do trabalho para casa, após os transtornos provocados pela paralisação na manhã desta quarta-feira.
Outra greve que ajudou a complicar o trânsito da cidade, a dos trabalhadores das linhas Safira e Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) -que ligam a zona leste ao centro da cidade-, ainda depende da aprovação de uma proposta que está sendo negociada entre a empresa e a categoria no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Pela manhã, a falta de transporte e o excesso de veículos, agravado pela liberação do rodízio municipal, gerou transtornos na cidade.
“Estamos chegando a um colapso, isto é prova. Eu levei 40 minutos para atravessar o Morumbi até a avenida das Nações Unidas na ponte João Dias (cerca de4,7 km). É um absurdo. Normalmente é cinco minutos para atravessar”, afirmou a taxista Antonia Regina, de 41 anos, que deixava um passageiro em um prédio comercial, na avenida das Nações Unidas, Santo Amaro, zona sul de São Paulo.
Por volta das 10h, a cidade registrou congestionamento recorde no período da manhã, com249 quilômetrosde lentidão, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Às 11h, havia191 quilômetrosde lentidão nas vias monitoradas pela CET, que se iguala ao recorde anterior, registrado na manhã do dia 4 de novembro de 2004.
CARROS E TRENS PARALISADOS
A cidade, que conta com a maior frota de veículos do país, contabiliza 960 veículos licenciados por dia. Um volume que tende a aumentar com as últimas medidas do governo de incentivo ao consumo, em especial o pacote anunciado nesta semana com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos e juros menores em linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltadas a bens de capital.
“Demorei 3 horas para chegar aqui (zona sul da cidade), normalmente demora 20 minutos”, disse o consultor André Mautoni Ferreira, que vinha de carro do Butantã, na zona oeste.
“Eu ouvi da greve ontem (terça-feira) à noite, mas não achei que ia estar um trânsito desse, está impossível”, disse, acrescentando que saiu de casa às 8h e chegou por volta de 11h30 ao trabalho.
A greve dos metroviários, anunciada na noite de terça-feira após assembleia da categoria, começou às 0h desta quarta-feira e paralisou parcialmente as linhas 1-azul, que liga as regiões sul e norte; 2-verde, que serve a região da Avenida Paulista; e 3-vermelha, que liga as zonas leste e oeste.
A linha 4-amarela -operada por uma concessionária privada- e 5-lilás, a de menor extensão da rede metroviária, funcionaram normalmente.
A rede de ônibus de São Paulo não comportou a enorme demanda dos passageiros do Metrô, provocando filas de horas de espera e pontos lotados por toda a cidade.
Passageiros revoltados com o fechamento dos portões na estação Corinthians-Itaquera, da linha 3-vermelha localizada na zona leste da cidade, bloquearam a Radial Leste, principal ligação da região com o centro da capital, furaram pneus de ônibus e impediram a passagem de carros, gerando tumulto.
A polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo. (reportagem adicional de Eduardo Simões)