Brasil propõe incluir produto argentino em compras
Na tentativa de acelerar as negociações para normalizar a passagem de produtos nas fronteiras das duas maiores economias do Mercosul, o Brasil propôs incluir setores da indústria argentina no programa de compras governamentais brasileiro, disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Depois de um dia de reuniões com a secretaria de Comércio Exterior da Argentina, Beatriz Paglieri, no entanto, Pimentel afirmou que ainda não existem condições de reverter o sistema de licenças não-automáticas de produtos perecíveis argentinos.
“Não há ainda acordo que motive a mudança nas licenças de produtos”, disse Pimentel em conversa com a Reuters nesta manhã.
A medida tomada pelo Brasil em maio, que criou a necessidade de autorização prévia para importações -que pode levar até 60 dias- de cerca de 10 produtos perecíveis vizinhos, foi uma forma de o governo brasileiro retaliar ações protecionistas da Argentina.
A proposta de incluir setores como a indústria naval argentina na lista de beneficiados nas compras do governo foi feita pelo ministro na quinta em reunião na Cúpula do Mercosul, em Mendoza. Nesta sexta, a presidente Dilma Rousseff discute este tema, entre outros, com a colega argentina Cristina Kirchner e o uruguaio José Mujica.
Segundo uma fonte do MDIC, a medida também seria benéfica para o Uruguai, uma vez que trataria os produtos do Mercosul como se fossem brasileiros.
O governo anunciou nesta semana vantagens que produtos brasileiros de alguns setores, como saúde, têxtil e defesa, terão nas compras feitas por órgãos governamentais.
“Acreditamos que a indústria naval argentina pode ser muito beneficiada, e não há prejuízo para a indústria brasileira”, disse Pimentel, citando a Petrobras como grande consumidora.
“Pedimos a eles uma proposta, acredito que até metade de julho já tenhamos um acordo sólido”, completou Pimentel.
Em troca, segundo Pimentel, o Brasil quer a normalização das fronteiras, onde a Argentina tem imposto muitas restrições por conta da diferença na balança comercial entre os dois países.
Segundo o ministro, nos últimos dias os países fizeram “gestos” importantes. Ele citou uma liberação muito acima da média da entrada de carne suína brasileira no vizinho e citou que o Brasil encaminha uma liberação de um grande lote de veículos argentinos em até 90 dias.