Bruna Rocha e Lavínia Kaucz/AE
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), avaliou, durante um almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), que o início do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado, pode abrir espaço para que a direita bolsonarista busque diálogo com o centro para a construção de um projeto eleitoral para 2026.
Segundo Leite, para que essa aproximação exista, o campo bolsonarista precisaria abandonar o extremismo. No evento, ele foi questionado sobre a possibilidade de uma futura aliança com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“O governador Tarcísio tem habilidade de gestão, conhecimento técnico e capacidade política, mas para que possa se construir em torno dele alguma coalizão, é ele que deve deixar o bolsonarismo e vir mais ao centro. E não o contrário; não é o centro que vai se bolsonarizar”, afirmou o gaúcho.
Leite acrescentou que a prisão de Bolsonaro pode alterar o cenário político e “trazer inevitavelmente uma possibilidade de diálogo do campo da centro-direita com uma direita que eventualmente se associou a Bolsonaro”. Segundo o governador, isso só deve ocorrer se houver disposição desse grupo em abandonar posições extremas e “vir para o centro”.
“Se houver disposição de quem aderiu a Bolsonaro de vir para o centro, esse diálogo pode acontecer”, afirmou.
O governador gaúcho também reiterou que está à disposição para disputar a Presidência, mas reconheceu que pode apoiar outro nome. “Minha vontade como brasileiro é maior do que minha vontade como político. Quero que o Brasil vá para frente. Se tiver que liderar esse processo, estou à disposição. Se houver outro líder com a agenda correta e convergência mínima, vamos trabalhar para ajudar o Brasil”, disse Eduardo Leite.
Apesar do interesse de Leite, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tem sinalizado preferência pelo governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). Outra possibilidade seria o partido apoiar uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas.
Eduardo Leite também comentou sobre seu antigo partido, o PSDB, que voltou nesta semana a ser presidido pelo deputado federal Aécio Neves (MG). “Tenho grande respeito pelo ex-governador e deputado Aécio. Sempre tive boa relação com ele e desejo sorte na condução do PSDB”.
Aécio e Leite já foram aliados e adversários dentro do PSDB, quando o gaúcho deixou a sigla, ambos disputavam controle interno do partido.
PARA KASSAB, TARCÍSIO ‘EXAGEROU’
O presidente nacional do PSD e secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “exagerou um pouco” e errou ao se apresentar como um candidato bolsonarista.
“O melhor candidato é o Tarcísio, se ele for candidato, meu partido vai apoiá-lo. Mas ele tem errado. Daqui para trás, ele exagerou um pouco, ele não pode se apresentar como bolsonarista. Ele tem que ser um líder acima de tudo, e ele vai se apresentar”, disse Kassab em evento da Arko Advice.
Kassab defendeu ainda que Tarcísio seja um candidato de centro-direta. “Não tem nenhum sentido ele se apresentar como um candidato de direita, ele até pode ser de direita se quiser. Ele tem que ser candidato da centro-direita, se não, pode perder eleição”.
Tarcísio é cotado para disputar as eleições presidenciais de 2026 e assumir o espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso por tentativa de golpe de Estado. Publicamente, Tarcísio tem dito que vai concorrer à reeleição para o governo de São Paulo. Bolsonaro ainda não anunciou quem vai apoiar no pleito do ano que vem.
