Embrapa lança aparelho para medir firmeza de folhas
Um aparelho que faz medidas objetivas em plantas, simples, portátil e de fácil uso é uma das novidades que a Embrapa Instrumentação (São Carlos) apresenta na 19ª edição da Agrishow, durante a qual sensores para emprego na agricultura de precisão e para manejo de irrigação também serão demonstrados no estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, onde as vinculadas ao órgão apresentam as tecnologias. Na vitrine – área de dinâmica – estão os sistemas para saneamento básico na área rural. A feira é realizadaem Ribeirão Preto(SP), no período de 30 de abril a 4 de maio de 2012.
O lançamento do aparelho chamado de Wiltmeter ocorre um ano e meio após ser transferido a Marconi Equipamentos e Calibração para Laboratórios, empresa de Piracicaba (SP) para desenvolvimento, industrialização e comercialização do instrumento.
O Wiltmeter – marca já registrada –, inclusive com patente internacional, é destinado à medição da turgescência de folhosas, ou seja, para medir a firmeza, a murcha das folhas. Essa medida, assim como a pressão sanguínea nas pessoas, indica o grau de saúde das plantas e seu comportamento frente às variáveis de clima, solo, temperatura, unidade de ar e disponibilidade de água.
De acordo com o pesquisador Adonai Gimenes Calbo, estudos indicaram que o instrumento é adequado para avaliação objetiva e rápida da qualidade de folhosas, o que é um progresso em relação aos métodos táteis subjetivos atualmente utilizados em todo o mundo. Calbo concluiu que a avaliação realizada anteriormente para medir o índice de hidratação em folhas de couve usando outros métodos demonstrou ser mais demorada e ainda com necessidade de tratamento prévio da folha. Pelo método tradicional, a avaliação pode levar até 48 horas. “Com o Wiltmeter, a avaliação pode ser realizada em dois ou três minutos”, explica.
Agricultura de Precisão – Para demonstrar a aplicação da Agricultura de Precisão (AP), a Embrapa Instrumentação vai apresentar na Agrishow 2012 diversas ferramentas de apoio, que podem ajudar o produtor a gerenciar e empregar a técnica de forma mais racional, reduzindo custo com aplicação de defensivos agrícolas.
Sensor Crop Circle – Com um sensor remoto de cultura, chamado Crop Circle, que permite visualizar a cor da planta será possível saber se ela está com deficiência ou não de nutrientes. Para isso, os testes serão realizados em dois vasos com plantas. Muitas vezes, a cor é um indicativo de que a planta está ou não estressada. Com essas leituras são elaborados mapas para identificar áreas com stress, como deficiências nutricionais e incidências de danos de pragas e doenças em diversos estágios vegetativos das culturas. Esses sensores ainda apresentam a possibilidade de interação com implementos agrícolas para a aplicação de fertilizantes em taxa variada, corrigindo as deficiências em tempo real.
Condutividade elétrica do solo – Já a demonstração do medidor de condutividade elétrica do solo será realizada com duas caixas, uma com solo arenoso e outra com solo argiloso. Um eletrodo será introduzido nas amostras de solos para que o visitante possa observar as características de cada um. O mapeamento da condutividade do solo é realizado para se avaliar o que está sob o solo, tipo, rochas, e as diferentes camadas subterrâneas.
Implementos agrícolas – Serão apresentados ainda dois implementos agrícolas, um pulverizador e um aplicador de calcário. Será possível ver, em tempo real, as imagens nos painéis no momento em que esses implementos forem conectados. Segundo o pesquisador e coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, Ricardo Inamasu, a proposta é oferecer ao visitante da feira uma oportunidade de presenciar a diferença de uma cabine tradicional de uma máquina agrícola e uma já fabricada seguindo a norma Isobus, que é um padrão de comunicação compatível com todos os implementos.
Livro AP – Na sala de imprensa da Agrishow será apresentado o livro “Agricultura de Precisão – Um Novo Olhar”, que traz uma compilação dos trabalhos de pesquisas no tema realizadas com culturas de ciclo anual, perene e semiperene nas cinco regiões do país. O livro está disponível para download gratuitamente no endereço <http://www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/redeap2/publicacoes/publicacoes-da-rede-ap/capitulos>.
Sensor para Manejo de irrigação – Saber quando e quanto irrigar é fundamental para a gestão e redução do consumo de água. Uma contribuição da ciência e da tecnologia para a economia e preservação dos recursos hídricos é o desenvolvimento de um sensor mais preciso, direto, confiável, rápido e fácil de ser usado em instrumentos portáteis, que permite o manejo de irrigação e pode ser utilizado no campo, em laboratório, casas de vegetação e em jardinagem.
O sensor é conhecido como Tensiômetro de Diedro. Diedro é o ângulo formado por duas placas, que podem ser uma de vidro e outra de cerâmica ou ainda ambas de vidro ou ambas de cerâmica.
O sensor mede a tensão, ou seja, a força com que a água está retida no solo, com faixa de medição sem paralelo no mercado e que não requer manutenção de funcionamento. Sua sensibilidade para medir ampla faixa de tensão de água no solo permite verificar o momento correto para irrigar, nos mais diversos tipos de solos e substratos. A tecnologia ajuda a tornar o manejo da irrigação mais preciso e direto, contribuindo para aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável, ao utilizar sensores que viabilizam economia de água.
O excesso ou falta de água no solo pode trazer implicações graves ao produtor. O pesquisador Adonai Gimenes Calbo, responsável pela tecnologia, explica que água demais pode levar à falta de oxigênio na raiz da planta e ainda causar doenças e, em caso de menor quantidade, a água pode ficar retida fortemente no solo e inibir o crescimento e reduzir a produtividade.
O sensor pode ser utilizado por produtores rurais, profissionais do ensino, profissionais da pesquisa e pelo público em geral e se destaca pela estabilidade, pela medição em uma escala ampla de tensões de água e por não demandar fonte de energia externa para funcionamento.
VITRINE
A Embrapa Instrumentação vai demonstrar na área de dinâmica, em tamanho real, o sistema de Fossa Séptica Biodigestora, que inclui o Clorador Embrapa. Para isso, serão utilizadas caixas de fibrocimento em tamanho real, tubos e conexões, além da distribuição de folderes da tecnologia.
A Fossa Séptica Biodigestora é um sistema fácil de instalar e barato que transforma o esgoto humano, canalizado direto do vaso sanitário em adubo orgânico, pelo processo de biodigestão.
Hoje mais de quatro milhões de propriedades rurais do país só conhecem um jeito de tratar o esgoto que sai das casas: fazer buracos no chão, as chamadas fossas negras, nos quais são acoplados os vasos sanitários. Esse sistema, muitas vezes, contamina a água de lençóis freáticos e poços, o que pode levar ao aparecimento de doenças, como diarréia, cólera, hepatite e salmonelose nos consumidores da água. Com o esterco humano depositado diretamente em caixas de fibrocimento, o lençol freático e os poços caseiros não são contaminados.
O Clorador Embrapa complementa o processo, garantindo qualidade de água aos consumidores. O aparelho, acoplado ao reservatório, clora a água, eliminando o risco de contrair uma série de doenças.