Especialistas trazem mitos e verdades sobre variante do coronavírus
Os cientistas já descobriram mais de mil linhagens do coronavírus
Especialistas da Dasa, empresa de medicina diagnóstica, esclarecem as dúvidas mais comuns sobre as variantes do coronavírus, os mitos e verdades sobre a nova linhagem do coronavírus para elucidar as principais dúvidas da população. Participaram da entrevista o diretor médico, Gustavo Campana, e o virologista José Eduardo Levi.
Os cientistas já descobriram mais de mil linhagens do coronavírus. Já há mais de mil linhagens do Sars-CoV-2 cadastradas por cientistas de todo o mundo em um banco de dados global colaborativo para estudo e pesquisa. “As predominantes no Brasil são a B.1.1.7, originária do Reino Unido; a P1, que emergiu em Manaus; e a P2, que surgiu em dezembro no Rio de Janeiro. Apesar de ser bastante divulgada, a linhagem B.1.351, de origem sul-africana, ainda não chegou ao País”, diz Levi.
Os especialistas identificam como mito a hipótese do vírus que sofre mutação ser mais forte e poder desencadear casos mais severos da doença. “As mutações fazem parte da evolução natural dos vírus. Quando invadem as células para se multiplicar no organismo e, durante o processo de cópia, o código genético do vírus pode sofrer alterações em suas “letras” e essas mutações dão origem a novas variantes, novas linhagens da mesma família de vírus. As mutações são abundantes nos vírus, mas a maioria é irrelevante e não interfere em seu poder de agressividade/letalidade”, explica Campana. Ele acrescenta: o que se sabe sobre as três variantes conhecidas – britânica, amazonense e sul-africana – é que elas têm alto poder de transmissibilidade.
Os cientistas da Dasa afirmaram que uma pessoa pode ser infectada mais de uma vez. Apesar de pouco comum, a ciência já comprovou que é possível contrair o coronavírus duas vezes. Nas pesquisas que estão em andamento, os cientistas estão notando que a variante P.1 (Manaus) e a B.1.351 (sul-africana) são capazes de reinfectar pessoas que haviam tido Covid-19, ou seja, driblam os anticorpos desenvolvidos no primeiro episódio da doença. “Trata-se de um vírus descoberto há pouco tempo e o conhecimento sobre ele está sendo construído, no mundo todo, junto com o enfrentamento da pandemia que ele causou”, observa o virologista.
Questionados sobre se existe uma variante que seja mais letal do que a outra, ambos afirmaram que não. Segundo eles, até o momento não há comprovação científica de mutações que sejam mais letais que outras. O número de óbitos aumenta porque, sendo mais transmissível, cresce o número de casos.
Contudo, o alerta foi dado: as novas variantes podem reduzir a eficácia das vacinas. “Algumas das vacinas em teste e em uso já demonstraram redução da eficácia para a variante sul-africana. A do Amazonas está sendo estudada, mas, por ter um perfil mutacional bem parecido com a sul-africana, espera-se um resultado similar. As vacinas não deixam de fazer efeito, mas podem perder a eficácia”, afirma Campana.
ISOLAMENTO – Mais uma informação deve ser levada em consideração: quem se vacinou ainda precisa manter o isolamento social. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que todas as pessoas vacinadas devem continuar com as medidas de precaução até que as pesquisas sejam conclusivas e se saiba por quanto tempo dura a proteção. Até lá, manter o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social são medidas fundamentais para enfrentar o coronavírus.