Ex-assessor de Agnelo nega relação com Cachoeira
Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT), rejeitou nesta quinta-feira, 28, em depoimento à CPI do Cachoeira que tivesse relação próxima com diretores da construtora Delta ou com Carlinhos Cachoeira.
E na tentativa de comprovar que não foi beneficiado pelo grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Monteiro se disponibilizou a repassar à CPI mista suas informações bancárias, fiscais e telefônicas.
Quando prestou depoimento à comissão, Agnelo também ofertou espontaneamente essas informações. Monteiro disponibilizou para a CPI informações fiscais e telefônicas dos seus filhos.
A Polícia Federal, porém, diz que o ex-chefe de gabinete do governo do Distrito Federal tinha relação estreita com pessoas que trabalhavam para Cachoeira e que Monteiro chegou a receber um telefone de comunicação direta com esse grupo.
O ex-assessor nega essa acusação e argumenta que a própria PF gravou todos esses diálogos desses telefones e não capturou qualquer conversa sua.
“Onde está o rádio? Qual gravação aparece a minha voz?'”, disse Monteiro em resposta ao relator da CPI mista, Odair Cunha (PT-MG).
Monteiro admitiu que se reuniu duas vezes com diretores da Delta, mas afirmou que nesses encontros trataram apenas sobre um contrato da empresa com o governo local para coleta de lixo.
Esse contrato foi assinado na gestão anterior a Agnelo, mas foi renegociado com o governador, que disse à CPI que a construtora recebeu menos pelo serviço.
O ex-assessor do governador argumentou que se ele ou o governo estivessem ligados a Cachoeira ou à Delta haveria benefícios visíveis para esses interlocutores. “Se você tomou uma medida, essa medida resulta em ação concreta. Onde está o efeito? Ninguém desse grupo fez parte do governo do DF”, afirmou.
Contudo, as investigações da Polícia Federal dizem que uma lista de indicações foi entregue a Monteiro, o que ele negou nesta quinta à CPI.
Monteiro disse que acredita que seu nome é citado nas interceptações policiais por pessoas que queriam se mostrar influentes no governo.
“Seja quem quer que seja o ocupante de cargo público, alguém vai dizer que tem relação com essa pessoa e vai tentar mostrar prestígio. São declarações de terceiros. Não tem nenhuma fala minha. Acredito que isso se deu para vender prestígio”, argumentou.
Contrariando as expectativas do entorno do governador, Monteiro prestou um depoimento tranquilo na comissão e respondeu sem se exaltar os questionamentos do relator e de membros da oposição.
Havia preocupação com a performance de Monteiro porque segundo relato de uma fonte próxima a Agnelo à Reuters, o ex-assessor tem um perfil beligerante quando acuado.
A fonte, que falou sob condição de anonimato, disse ainda que dificilmente Monteiro fará qualquer declaração que pressione Agnelo porque tem intenção de retornar ao governo.