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Falta medicamento para sedar e entubar pacientes

05/06/2020 08h58 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Falta medicamento para sedar e entubar pacientes Foto: Divulgação

Além da dificuldade de ampliar o número de leitos de UTI e respiradores, Estados brasileiros enfrentam agora a falta de sedativos e relaxantes musculares usados na entubação de pacientes graves com covid-19, destaca o Estadão. Sem esses remédios, a ventilação mecânica não pode ser feita de forma adequada e o paciente corre maior risco de morrer.
Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), todas as secretarias estaduais relataram à entidade ter um ou mais medicamentos dessa classe em falta ou com estoque crítico. Já há investigações abertas em ao menos dois Estados (Rio e Amapá) para apurar óbitos de pacientes que não tiveram acesso a essas medicações.
Segundo médicos e gestores ouvidos pelo Estadão, a situação deve-se principalmente à crescente procura por esses medicamentos por causa do alto número de doentes que precisam ser entubados e do período prolongado de internação desses pacientes em UTIs. “É um uso prolongado e geralmente é usada uma combinação de drogas de acordo com a gravidade e o objetivo. Todos ficaram falando do risco de colapso por falta de leito, mas agora temos o risco da falta desses medicamentos essenciais para a sobrevivência do paciente”, destaca Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Com a alta inesperada na demanda, dificuldade de importação de matérias-primas e alta do dólar, o mercado nacional não estaria conseguindo suprir a procura, dizem gestores. Secretarias da Saúde consultadas pelo Estadão informaram alta de mais de 700% na utilização desses medicamentos desde o início da pandemia. Em Alagoas, o número de doses utilizadas do relaxante muscular rocurônio subiu 787%. No Rio Grande do Norte, o aumento na utilização de anestésicos e betabloqueadores foi de 200%. No Pará, a alta foi de 100%.
O rocurônio é o que reúne o maior número de queixas de problemas no abastecimento. Levantamento feito pelo Conass com todas as secretarias da Saúde revelou que, das 25 pastas que responderam ao questionário, 24 têm problemas no abastecimento do item. Os números foram apresentados ontem em reunião de comissão da Câmara dos Deputados.
Presente no encontro, um representante no Conass relatou que o órgão mandou ofício para o Ministério da Saúde no dia 14 de maio solicitando auxílio do governo federal aos Estados na relação com fornecedores. O problema foi tema de novo ofício, enviado no dia 29. Hoje, a maioria desses medicamentos é comprada diretamente pelos Estados e municípios ou pelos hospitais, mas as secretarias avaliam que uma intervenção do ministério junto à Anvisa e aos fabricantes pode facilitar a compra. Questionado, o ministério não respondeu. Ao Conass, prometeu auxiliar na negociação com fornecedores.
Também presente na reunião, o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêutico (Sindusfarma), Nelson Mussolini, disse que laboratórios estão trabalhando em máxima capacidade para dar conta da demanda e agora a produção está normalizada. “Tivemos problema quando houve “lockdown” na Índia e estamos tendo dificuldades com frete internacional. O número de voos foi reduzido e o preço subiu. Antes pagávamos US$ 2 por quilo transportado e agora, US$ 15.”
A Secretaria Estadual da Saúde do Amapá não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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