Índios mantém funcionários da Norte Energia reféns
Dois funcionários da Norte Energia, empresa responsável pela implantação e operação da usina hidrelétrica Belo Monte (PA), estão sendo mantidos como reféns por índios das etnias Juruna e Arara na aldeia Muratu, segundo informações da assessoria de imprensa da Funai.
Os funcionários da Norte Energia foram enviados às aldeias para apresentar o plano de transposição do rio, condicionante que os índios argumentavam não havia sido cumprida. Um cronograma para a apresentação do sistema de transposição foi acertado entre Norte Energia e indígenas de diversas etnias que ocuparam o canteiro sítio Pimental, de Belo Monte, no início do mês.
Segundo a Funai, dois funcionários do órgão que também tinham ido ao local para acompanhar a apresentação realizada pela Norte Energia, no início da semana, permanecem na aldeia para negociar com os indígenas –os quais continuam cobrando que a Norte Energia cumpra as condicionantes para construção do empreendimento no rio Xingu.
A Norte Energia informou que não está participando diretamente das negociações e não quis comentar.
A usina hidrelétrica Belo Monte (11,23 mil MW) tem entre os sócios a Eletrobras, Cemig e Light e Neoenergia, além de outras companhias. O empreendimento é alvo de diversos protestos de indígenas, grupos ambientais e sociais, entre outros, desde o início dos estudos sobre sua viabilidade.
O Ministério Público Federal no Pará já ingressou com 15 ações contra o empreendimento de Belo Monte, sendo que apenas uma, de 2001, foi julgada em última instância, em favor do MPF, relacionado à necessidade de que o licenciamento ambiental da usina fosse realizado em âmbito federal e não estadual, informou a assessoria do órgão.
A última ação, ajuizada na segunda-feira, pede a anulação da licença de instalação da hidrelétrica, diante da falta do cumprimento das condicionantes para que o empreendimento seja construído.