Azuaite Martins de França*
A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros como retaliação ao processo contra Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado, é um insulto à soberania do Brasil. Mais que uma ação econômica hostil, se trata de uma clara tentativa de ingerência nos assuntos internos de nosso país, sob a vergonhosa justificativa de proteger um aliado político. Uma figura que já provou não ter escrúpulos em “rifar” a nação brasileira em favor de seus próprios interesses.
O gesto de Trump, alinhado à extrema direita mundial, é um aceno aos que no Brasil ainda insistem em sabotar a democracia e defender a impunidade dos que atentaram contra ela. Essa interferência grosseira é fruto da campanha internacional dos que temem a inevitável condenação do ex-presidente por suas ações antidemocráticas. E, no rastro desse movimento, vemos surgir novamente o entreguismo dos que, travestidos de patriotas, defendem o servilismo aos Estados Unidos.
São os mesmos que bradavam “Brasil acima de tudo”, mas agora se ajoelham perante um anacrônico imperialismo norte-americano, vendendo o país em troca de promessas de salvação política. Estes “brasileiros” não têm outro nome: são vassalos. Como o filho do capitão, que ganhou 2 milhões do pai, amealhados via Pix de malucos, para fazer vergonhosa campanha contra o Brasil na terra do Mickey. Cospem no prato em que comeram, traem os setores produtivos que os apoiaram e que agora serão duramente penalizados com a majoração das tarifas.
Como já dizia Leonel Brizola, “não há força mais poderosa do que a de um povo consciente”. O Brasil é um país independente. Não se curvará ao intervencionismo estrangeiro, e sua resposta virá com firmeza, por meio de suas instituições republicanas, que não se intimidam com bravatas nem com ameaças de retaliação econômica.
É hora de perguntarmos, como na música de Cazuza eternizada por Gal Costa na abertura da novela Vale Tudo:
“Brasil, mostra a tua cara! Quero ver quem paga pra gente ficar assim.”
Descubramos, pois, os verdadeiros inimigos do Brasil — os de fora e os de dentro. Os que idolatrando Trump, infelicitam o Brasil e sabotam sua soberania. Os que buscam transformar nossa nação em um protetorado de interesses estrangeiros. A esses, os verdadeiros patriotas dizem: não passarão.
A nenhum governante estrangeiro, sob nenhum pretexto, é dado o direito de ditar como o Supremo Tribunal Federal deve agir, nem de chancelar a impunidade daqueles que atentaram contra o Estado de Direito. O Brasil saberá punir seus traidores e caminhar de cabeça erguida. Com dignidade. Com soberania. E com a coragem de enfrentar os falastrões que brincam com coisa séria.
O Brasil não é uma república bananeira e tampouco colônia. É um país soberano e independente que não se curva a caprichos de aprendizes de feiticeiro.
*Azuaite Martins de França, professor e ex-vereador, e Presidente do Diretório Municipal de Cidadania – São Carlos/SP.
