Marco César Aga*
Estamos no mês do Natal: Dezembro, data que acreditam ter nascido o Menino Deus, e sendo ou não nesta data, deixamos a exatidão natalícia para lá, e comemoramos, com todos os demais que creem, a chegada do Cristo. Há alguns anos nesta data, rabisco essas palavras, observando os textos natalinos, pois vejo que são todos de natureza revolucionária e marginal.
Narra-se uma sucessão de fatos subversivos e vanguardistas que nos deixam boquiabertos. José, rompendo com as tradições e com os paradigmas da época: o machismo reinante, aceita sua mulher, sem poder explicar para ninguém a gravidez dela. Torna-se então um agente de mudança, um marginal, revolucionário para aquela sociedade. Esparrama pela Judéia as chamas da revolução da dignidade masculina.
Os magos vêm do oriente, pois, sem terem nada a ver com a descendência de Abraão e dos judeus, seguem uma estrela no céu, mas que certamente andava no interior deles, e nessa simplicidade, percebem aquilo que os teólogos de Jerusalém só sabiam como leitura das escrituras: O Salvador nasceria em Belém. Teólogos que não tinham a disposição de sair do lugar… amarrados que estavam à ideia de que conhecer o texto leva alguém a algum lugar. Os magos são o testemunho do potencial revolucionário do Evangelho para qualquer alma da Terra. Uma revolução supra religiosa independente de denominação ou credo, independente de posição geográfica ou modelo religioso e político.
Pastores no campo, distraídos, são visitados por anjos que representam os homens de boa vontade. É a marginalidade dos cidadãos de bem que lutam por construir uma sociedade cada vez mais justa e igual, independente das adversidades e do status quo.
Ou seja: a começar do nascimento de Jesus, o Cristo de Deus, a Encarnação e posteriormente o Evangelho é para aqueles que não se esperava que fossem entendê-lo.
A Revelação é quase sempre periférica e descentralizada!
Os grandes atos de Deus não acontecem em Palácios, mas em choupanas e estrebarias. E a voz mais veemente do Natal é a voz da virgem, da Maria simples, e que troveja a justiça de Deus sobre as nações. Ela é quem anuncia a grande subversão divina. E faz isto com um Cântico: “Deus dispersou os soberbos…Derrubou governantes e exaltou os humildes…encheu de coisas boas aos pobres e despediu os ricos de mãos vazias… enfim Maria mostra que Deus enxerga o coração e reconhece tudo que Ele fez em um canto de gratidão e humildade. No Natal o momento é especial para aqueles que se sentem afastados da religião, e que ainda se culpam de assim estarem.
Deus, a vida e o amor não são institucionais. A Graça de Deus é quase sempre rebeldia formal, cultural e institucional. Na legalidade e nas instituições são feitos os julgamentos. Na marginalidade e na periferia explodem a vida e a graça.
Abra seu coração e siga a Jesus. Seja generoso como José. Corajoso como Maria. Alegre como aqueles que são acordados nos campos pela voz dos anjos. Anteveja a salvação como esperança mesmo que você seja velho como Abraão. Nos registros do Natal é Deus quem vai até as pessoas, não é o contrário. O Natal acontece porque em Jesus, Deus se reconciliou com os homens. Assim, não se sinta excluído, Jesus veio ao mundo única e exclusivamente por amor a você e a todos nós.
No Natal Jesus é a alegria dos homens e o início de uma nova humanidade!
*Marco César Aga – ex-prefeito de Casa Branca/SP.
