Lewandowski diz que esperava críticas por absolvição
O revisor da ação penal do chamado mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, disse nesta sexta-feira, 24, que já esperava críticas ao seu voto de absolvição do deputado federal e ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), na primeira divergência com o relator, Joaquim Barbosa.
Lewandowski votou pela absolvição de Cunha, do publicitário Marcos Valério e dois ex-sócios por supostas irregularidades em contratos de publicidade entre a Câmara e a agência de publicidade SMP&B, de Valério, à época em que o petista presidia a Casa.
Barbosa havia votado pela condenação de todos os quatro réus.
“Eu esperava. As críticas, as incompreensões, isso faz parte do nosso trabalho”, disse Lewandowski a jornalistas. “(Um juiz) não pode se pautar pela opinião pública.”
Cunha responde por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Os publicitários por corrupção ativa e peculato.
“Este contraponto ajudará os demais ministros a decidirem”, disse ele.
O voto contrário de Lewandowski ocorreu após o revisor ter seguido o relator pela condenação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, de Valério e dos dois ex-sócios por irregularidades em contratos de publicidade com o BB.
Lewandowski negou que a divergência possa causar um “desgaste” no STF, já que é normal haver discordâncias na Corte.
Relator e revisor têm participado de fortes discussões no plenário desde o início do julgamento. A última delas foi na quinta-feira, quando Barbosa disse que iria fazer considerações ao voto contrário de Lewandowski, que reagiu, pedindo direito de tréplica.