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Para Gleisi, movimento ao centro pode ser ‘suicídio’

Candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2026 também foi defendida por Gleisi

10/12/2024 22h38 - Atualizado há 20 horas Publicado por: Redação
Para Gleisi, movimento ao centro pode ser ‘suicídio’ Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / Reprodução

Henrique Sampaio/AE

 

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o partido deve permanecer alinhado à esquerda, sem ceder a pressões para um movimento ao centro, o que ela considera um risco de “suicídio” político. Desde o desempenho ruim da sigla nas eleições municipais, há defesa de uma mudança de rumos do partido, inclusive entre integrantes do PT.

“Já tentaram matar o PT e não conseguiram. Não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui”, disse Gleisi, em entrevista ao jornal O Globo, publicada na segunda-feira, 9.

A deputada federal, no entanto, defendeu as alianças políticas com o centro. “Conduzi o processo eleitoral de 2022 construindo uma aliança ampla, com 11 partidos. Teremos em 2026 um quadro muito semelhante.”

Para Gleisi, outro movimento que significaria um rompimento com a base social do PT seria um pacote “de retirada de direitos como o mercado quer”, pois isso seria “negar tudo aquilo que nós defendemos historicamente”. A dirigente partidária acredita que o Banco Central “tem instrumentos para enfrentar” a alta do dólar e que “não intervir agora é dar um tiro no peito da população”.

A candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2026 também foi defendida por Gleisi, que o classificou como “fundamental” para o partido ganhar o pleito. “Não vejo um outro nome com capacidade de disputa na sociedade brasileira.”

A presidente do PT ainda rechaçou comparações de Lula com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que, após demonstrar cansaço para um segundo mandato, foi substituído pela vice Kamala Harris na disputa presidencial. “Quem conhece o Lula sabe que não tem nenhuma semelhança com o Biden. O Lula está bem, disposto, é uma pessoa ativa”, disse Gleisi. Em 2026, Lula estará com 81 anos, idade atual do ex-presidente norte-americano.

Sobre a avaliação popular dos dois últimos anos do governo Lula, Gleisi diz que é preciso um “empenho maior de comunicação e político”. “É preciso uma ofensiva do governo para mostrar o que está fazendo. Tem muita coisa positiva acontecendo, como crescimento do PIB, redução do desemprego, aumento da renda. Mas a sensação da sociedade, ou a construção dessa sensação, não reflete isso”, afirmou.

Na sexta-feira, 6, em participação remota no encerramento de seminário do PT, Lula admitiu erros em seu terceiro governo no Executivo federal e responsabilizou a comunicação como um dos principais pilares a serem corrigidos. Em sua avaliação, o governo faz entregas, mas a sociedade não tem informações sobre o que é feito.

RESOLUÇÃO

Gleisi Hoffmann também comentou os destaques da resolução política aprovada pelo Diretório Nacional do partido no sábado, 7. O texto base, segundo Gleisi, passa por análise de conjuntura, pressões do mercado financeiro, realizações do governo Lula e sobre a tentativa de golpe de estado. “A nossa linha (no texto da resolução) é a punição aos golpistas Isso tem que acontecer. Sem anistia. Dando apoio à nossa proposta, que já foi apresentada à Câmara, de arquivamento do projeto de anistia. Isso está bem claro na resolução”, disse a presidente do PT a jornalistas.

Sobre as pressões do mercado financeiro à atual gestão, Gleisi afirmou que o Diretório considera não estar havendo a devida resposta mesmo diante de iniciativas do governo. “Mesmo apresentando medidas para contenção do crescimento de despesa. Não se sacia, quer mais.”

Ressaltou ainda que o texto “reafirma a defesa dos direitos do povo brasileiro”, com destaque para “as conquistas na Constituição”. “Falamos de algumas bandeiras. A redução da escala 6×1. Falamos sobre a questão das bets, que é algo que nos preocupa muito também. Falamos da questão do transporte público. Reafirmamos nosso compromisso com a tarifa zero do transporte público”, acrescentou.

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