Prefeito de Palmas nega ter oferecido vantagens a Cachoeira
O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), disse na CPI do Cachoeira nesta terça-feira que não ofereceu vantagens ao empresário Carlinhos Cachoeira e à construtora Delta depois que assumiu o cargo em 2004, conforme indicou vídeo em poder da comissão que mostra uma reunião entre Cachoeira e o petista durante as eleições de 2004.
Nesse vídeo, gravado ilegalmente por Cachoeira, Raul Filho diz ao empresário que Palmas é um lugar cheio de possibilidades a serem exploradas e que sua ajuda, se fosse eleito, dependeria “da área que vocês querem atuar”.
Contudo, à CPI o petista afirmou que estava apenas tentando conseguir apoio financeiro para a campanha, porque em Palmas não estava conseguindo os recursos de empresas.
“Eu gerei uma falsa expectativa para ele”, afirmou o prefeito. “Não há nada que vincule o senhor Carlos Cachoeira à administração de Palmas”, acrescentou.
Apesar disso, o prefeito admitiu que a construtora Delta teve contratos com sua administração desde o início da gestão. Segundo as investigações da CPI mista, Cachoeira era sócio oculto da empreiteira na região Centro-Oeste.
Entre 2005 e 2012, Raul Filho disse que a Delta recebeu cerca de 70 milhões de reais por contratos na área de limpeza e conservação da capital tocantinense. Quatro dos seis contratos da empresa foram firmados sem licitação.
Ele argumenta, porém, que isso só ocorreu porque o Tribunal de Contas do município atrasou o processo licitatório por nove meses, o que obrigou o município a firmar esses contratos de forma emergencial.
Nos vídeos, que foram apreendidos pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, o assessor do prefeito Silvio Roberto negocia com Cachoeira o repasse de 150 mil reais para ajudar na campanha eleitoral do petista.
Raul Filho, que foi convocado pela CPI na semana passada após a divulgação do vídeo, nega que o dinheiro tenha sido entregue por Cachoeira.
“O Silvio garante a mim que não recebeu esses recursos. E disse que testemunharia (se for preciso)”, disse o prefeito. Na conversa com Cachoeira há indicação de que ele pagaria pela realização de um show no comício da campanha do petista.
“O show não foi pago pelo Cachoeira, foi uma empresa de Araguaína que pagou”, afirmou o prefeito.
Ele acrescentou ainda que encontrou Cachoeira duas vezes na vida. Uma em 1994 e outra em 2004, quando teve seu encontro gravado. O prefeito também colocou à disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.