O professor Azuaite Martins de França, 2º vice-presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP), criticou a decisão do governo do Estado de São Paulo de afastar do cargo diretores de escolas com base nos baixos índices de desempenho dos estudantes no Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) e no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Segundo ele, a medida é ineficaz, injusta e desrespeitosa com os profissionais da educação.
Neste ano, ao menos seis diretores foram afastados de suas funções em escolas da rede estadual. No município de São Paulo, que também aderiu à política de responsabilização baseada no desempenho estudantil, a Prefeitura já afastou 25 diretores.
A Secretaria Estadual da Educação atribuiu os desligamentos a uma resolução publicada em janeiro de 2024, que estabeleceu metas de desempenho para os alunos. No entanto, para Azuaite, essa abordagem punitiva ignora as reais causas da queda na qualidade da aprendizagem e desvia o foco dos problemas estruturais crônicos que afetam as escolas públicas.
“É mais uma tentativa de responsabilizar os gestores escolares por problemas que são, na verdade, de ordem sistêmica. Em vez de resolver a falta de infraestrutura básica nas escolas, como acesso precário às plataformas digitais do próprio governo, opta-se pelo caminho mais fácil: punir quem está na ponta, quem lida diariamente com a realidade dura da escola pública”, declarou o professor.
Segundo Azuaite, os critérios adotados para as demissões são questionáveis e não contam com a participação da comunidade escolar no processo de avaliação. Além disso, ele denuncia a forma sumária com que os afastamentos vêm sendo conduzidos, o que, em sua avaliação, representa uma afronta à dignidade dos profissionais da educação.
“Há diretores sendo humilhados e desrespeitados, como se fossem os únicos responsáveis pelo desempenho dos alunos. O ambiente escolar está cada vez mais desafiador, e a sala de aula na rede estadual parece cada vez mais distante da aprendizagem real. A imposição de atividades online, intensificada desde a gestão anterior e aprofundada no atual governo, é uma das causas da desconexão entre ensino e aprendizado”, pontua.
Para o vice-presidente do CPP, é urgente que o governo reavalie sua política educacional, priorizando investimentos em infraestrutura, formação continuada dos profissionais e valorização da carreira docente, em vez de adotar medidas que penalizam injustamente os educadores.
“A educação precisa ser construída com diálogo, participação e respeito. Não se melhora a escola pública atacando seus profissionais, mas sim fortalecendo-os”, concluiu Azuaite.
