Relator quer ouvir Cachoeira e Demóstenes em maio
O deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI sobre Carlinhos Cachoeira, sugeriu que os parlamentares ouçam ainda este mês o empresário acusado de chefiar uma rede de jogos ilegais, além de agentes públicos e privados citados como envolvidos nas denúncias.
Odair apresentou à CPI mista um plano de trabalho que prevê audiência pública com Cachoeira, no dia 17 deste mês. O cronograma, que ainda necessita da aprovação dos parlamentares da comissão, também inclui o depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no dia 31, e do ex-diretor da empresa Delta Cláudio Abreu, no dia 29. Ambos são acusados de envolvimento com Cachoeira.
A Delta, líder de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é citada no inquérito das operações da PF e está envolvida em denúncias de corrupção atribuídas a Cachoeira, preso desde fevereiro. A empresa passou a ser alvo de processo administrativo da Controladoria-Geral da União (CGU).
Embora tenham sido citados em denúncias que circularam na imprensa, os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Marconi Perillo (DEM-GO) não foram citados pelo relator como nomes a ser chamados a depor na CPI.
Os governadores, no entanto, ainda podem ser convocados ou convidados por meio de requerimentos que já foram apresentados por parlamentares integrantes da comissão.
SIGILO DE INVESTIGAÇÕES
O cronograma prevê a votação do relatório final sobre as investigações no fim de outubro.
O início da sessão da CPI foi marcado por discussões sobre a obrigação dos parlamentares de preservar o sigilo das investigações sobre as infiltrações de Cachoeira em órgãos públicos e privados. O sigilo, por ora, está mantido.
“Soa como um apelo à hipocrisia. Como garantir sigilo agora, se muito já vazou? As informações já são do conhecimento público”, afirmou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), confirmou nesta quarta ter recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) os autos da Operação Vegas, da Polícia Federal, uma das que motivaram a CPI. Falta, ainda, o envio de dados de outra operação da PF sobre a rede de jogos ilegais, chamada de Monte Carlo. Segundo Rêgo, os autos dessa operação encontram-se em uma vara federal de Goiás.
Vital do Rêgo afirmou ainda nesta quarta que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recusou convite para depor na CPI alegando que ainda não concluiu sua investigação e estava impedido de prestar depoimento na comissão porque não pode se tornar testemunha no processo.
Gurgel, no entanto, ainda pode ser convocado. Um requerimento de convocação deve ser analisado pela comissão parlamentar nas próximas semanas. (por Maria Carolina Marcello; Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro)