São Paulo vai produzir vacina contra o novo coronavírus
Vacina deve estar disponível no SUS a partir de junho de 2021
O governador de São
Paulo, João Doria, anunciou que São Paulo vai produzir uma vacina contra o novo
coronavírus. Isso será possível por uma parceria que foi firmada na última
quarta-feira (10) entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac
Biotech. A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus
mortos ou com baixa atividade. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico
passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19.
“Hoje (quinta-feira (11)) é um dia histórico para São Paulo e para o Brasil,
assim como para a ciência mundial. O Instituto Butantan fechou acordo de tecnologia
com a gigante farmacêutica Sinovac Biotech para a produção de vacina contra o
coronavírus”, falou João Doria, governador de São Paulo. “Essa vacina do
Instituto Butantan é das mais avançadas contra o coronavírus. E estudos indicam
que ela estará disponível no primeiro semestre do próximo ano, ou seja, até
junho do próximo ano. Com essa vacina poderemos imunizar milhões de
brasileiros”, acrescentou.
A vacina, chamada de CoronaVac, está em fase adiantada de testes. Ela já está
na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. “Um coronavírus é
introduzido em uma célula do tipo Vero. Essa célula é cultivada em laboratório.
O vírus se multiplica. No final, o vírus é inativado e incorporado na vacina,
que será aplicado na população”, explicou Dimas Covas, diretor do Instituto
Butantan. O investimento do Instituto Butantan para os estudos nessa fase
clínica é de R$ 85 milhões.
Segundo Dimas, há no mundo hoje 136 vacinas contra o novo coronavírus em
desenvolvimento, mas apenas dez delas atingiram a etapa de estudos clínicos.
Três estão em fases ainda mais adiantadas de testes e a CoronaVac é uma delas.
Fase clínica
O desenvolvimento de uma vacina é feito em etapas. A primeira delas é a fase
laboratorial, onde é feito a avaliação de qual a melhor composição para a
vacina. A segunda etapa, chamada de pré-clínica, é a de testes em animais. A
terceira etapa é a chamada fase clínica, de testes em humanos.
Essa terceira etapa é dividida em três fases. As fases 1 (inicial, que avalia
se a vacina é segura) e 2 (que conta com uma maior quantidade de voluntários e
avalia a eficácia do produto) já foram realizadas na China, com sucesso. Agora
a vacina está entrando na fase 3, que será realizada no Brasil, com 9 mil
voluntários, de todo o país, iniciando por São Paulo. Essa fase, que é um
estudo populacional, deve ser começar já no mês de julho. “Dentro de
aproximadamente três semanas, 9 mil voluntários estarão sendo testados aqui no
Brasil”, disse Doria.
“Na fase inicial [da vacina] foram feitos estudos em macacos. Os resultados
foram publicados na revista científica Science. A fase 1 [de
testagem clínica] contou com 144 voluntários [chineses] e, a fase 2, com 600
voluntários na China. E a fase 3 será agora feita no Brasil”, explicou Dimas
Covas.
Caso os testes feitos com esses 9 mil voluntários, na fase 3, se mostrem
positivos, a vacina entrará na etapa de registro junto à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) e então começará a ser produzida em larga escala.
A expectativa do Instituto Butantan é de que a vacina poderá estar disponível
para a população em junho de 2021. “Comprovada a eficácia e segurança da
vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e ela poderá ser
produzida em larga escala no Brasil para fornecimento ao SUS [Sistema Único da
Saúde] de forma gratuita até junho de 2021”, falou o governador. Então, caso
ela seja aprovada, será produzida em larga escala tanto na China quanto no
Brasil. O Butantan tem capacidade de produzir 1 milhão de vacinas por dia em
sua fábrica de gripes”, disse Covas.
As primeiras pessoas a serem vacinadas no Brasil, segundo Dimas Covas, serão as
dos grupos de maior risco, como idosos e/ou com comorbidades, ou seja, doenças
pré-existentes.
Sinovac
Por meio de nota em seu site, a Sinovac Biotech informou que os resultados
pré-clínicos “promissores sobre o CoronaVac foram publicados recentemente na
revista científica Science, em um artigo afirmando que o candidato
a vacina é seguro e fornece proteção a macacos rhesus por meio
de um estudo de desafio com animais”.
Segundo a farmacêutica, a Sinovac está construindo uma fábrica comercial de
produção de vacinas na China, que deverá fabricar até 100 milhões de doses de
CoronaVac a cada ano.
“Estamos orgulhosos em participar da luta contra a covid-19 e esperamos
trabalhar com o Instituto Butantan para ajudar o povo do Brasil. Por meio dessa
parceria, a Sinovac poderá aumentar a velocidade sem precedentes do
desenvolvimento da CoronaVac, sem comprometer nossos padrões e procedimentos de
segurança”, disse Weidong Yin, presidente da Sinovac.