Texto fraco faz mundo apostar nas pessoas e empresas
Os líderes mundiais encerram a cúpula de desenvolvimento da ONU Rio+20 nesta sexta-feira, 22, com pouco a mostrar além de um acordo considerado fraco, deixando muitos participantes convencidos de que indivíduos e empresas, e não governos, devem liderar esforços para salvar o meio ambiente.
Quase 100 chefes de Estado e de governo se reuniram nos últimos três dias em esforços para estabelecer metas de “desenvolvimento sustentável”, uma iniciativa da ONU em torno do crescimento econômico, proteção ao meio ambiente e a inclusão social. Mas uma falta de consenso sobre essas metas levou a um acordo que mesmo alguns signatários acusam de faltar em ambição, compromisso, detalhes e metas mensuráveis.
Cúpulas globais sobre política ambiental cercadas de atenção ficaram aquém das expectativas desde pelo menos a reunião da ONU em 2009 em Copenhague, que terminou quaseem caos. Porcausa disso, muitos ecologistas, ativistas e líderes empresariais estão chegando à conclusão de que o progresso nas questões ambientais deve ser feito localmente com o setor privado, e sem a ajuda de acordos internacionais.
“Tornar nossas economias mais verdes vai ocorrer sem a bênção dos líderes mundiais”, disse Lasse Gustavsson, diretor-executivo do WWF.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que chegou na manhã de sexta-feira para um rápido anúncio sobre projetos na África apoiados pelos EUA e uma séria de reuniões bilaterais com vários líderes mundiais, admitiu o mesmo.
“Governos sozinhos não podem resolver todos os problemas que enfrentamos, da mudança climática à pobreza persistente e à escassez crônica de energia”, disse.
O mais preocupante para muitos críticos do evento é o fato de que os líderes chegaram ao Rio de Janeiro apenas para assinar um texto que seus diplomatas tinham discutido de antemão.
O texto, chamado “O Futuro que Queremos”, deixou pouco espaço para imaginação ou audácia de presidentes e primeiros-ministros, segundo os críticos. (Veja o rascunho do documento completo em inglês: here)
“O mundo que queremos não será entregue por líderes sem coragem de vir aqui, sentar-se à mesa e negociar eles mesmos”, disse Sharon Burrow, secretária-geral da Confederação Sindical Internacional, uma das muitas organização não-governamentais presentes no evento.
“Eles não assumiram nenhuma responsabilidade por impor ação, metas e um cronograma”.
Na verdade, alguns chefes de Estado permaneceram distantes devido à recessão econômica mundial, aos problemas de endividamento da Europa e à violência contínua no Oriente Médio.
As ausências notáveis incluíram o presidente dos EUA, Barack Obama, a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que participaram de uma reunião do G20 no início desta semana no México.