Varejo fica estável em outubro e reforça 4o trimestre fraco
SÃO PAULO, 13 Dez (Reuters) – O volume de vendas no varejo brasileiro ficou estável em outubro na comparação com setembro, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), endossando expectativas de que a economia brasileira terá um quarto trimestre de fraco crescimento. A receita nominal em outubro também teve variação zero, o que interrompe uma sequência de 20 meses de aumentos. Ante outubro de 2010, o volume de vendas registrou acréscimo de 4,3 por cento. No acumulado do ano, as vendas subiram 7 por cento, enquanto em 12 meses o crescimento é de 7,3 por cento. Analistas ouvidos pela Reuters previam alta de 0,15 por cento mês a mês e avanço anual de 4,95 por cento. O dado de setembro sobre agosto foi revisado para crescimento de 0,5 por cento, ante dado anterior de 0,6 por cento. Na opinião do economista-chefe do banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, os números são mais um indicativo de que a atividade doméstica sentiu os efeitos da piora no cenário internacional. “O varejo está num claro caminho de moderação, mas ainda acho que não de queda”, afirmou. O governo anunciou no início do mês medidas para estimular o consumo e impedir que a economia desfaleça ainda mais. Entre as ações, reduziu as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos da linha branca, anunciando desonerações também no setor financeiro. ID:nN1E7B007D] Poucos dias depois, números mostraram que a economia brasileira teve crescimento nulo no terceiro trimestre ante o segundo, confirmando avaliações de que o agravamento da turbulência internacional, especialmente na zona do euro, tem tido impactos sobre a atividade doméstica. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, os números sugerem um quarto trimestre “desanimado”, no qual o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceria “timidamente” contra um terceiro trimestre sem crescimento. “Nossa estimativa é que o PIB suba modestos 0,4 por cento, fazendo a taxa acumulada no ano ser de… 2,86 por cento”, afirmou em relatório. A equipe de analistas da Rosenberg&Associados avalia que a estabilidade nas vendas do varejo corrobora a expectativa de um crescimento “moderado”, de 0,3 por cento, para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), visto como um “proxy” do comportamento do PIB. Os analistas consideram ainda que a fraqueza no comércio em outubro referenda apostas de que o Banco Central (BC) deve continuar cortando a Selic. “Mas, vale lembrar que os juros ultimamente estão mais ligados ao que ocorre lá fora do que propriamente aos movimentos domésticos”, escreveu a equipe em nota. A crise internacional foi a justificativa dada pelo Banco Central para os três cortes seguidos na Selic desde agosto, que já tiraram 1,50 ponto percentual da taxa e a levaram a 11,00 por cento ao ano. As fracas perspectivas para a economia global e seus impactos sobre a atividade doméstica têm levado investidores a preverem a manutenção do ciclo de afrouxamento monetário no próximo ano. De acordo com o relatório Focus do BC divulgado na véspera, o mercado espera que a taxa básica de juros (Selic) termine 2012 em 9,50 por cento ao ano, o que sugere mais 1,5 ponto percentual de queda.