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Agricultores temem reintegração de posse de acampamento

24/09/2014 20h31 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Agricultores temem reintegração de posse de acampamento

Instalados desde 2011 em uma área atrás da fábrica de motores da Volkswagen, 150 famílias que ocupam o espaço denominado “Acampamento 22 de abril” temem a reintegração de posse pela Prefeitura. No último dia 10 de setembro, os agricultores receberam uma intimação determinando a retirada do local, por determinação do juiz Daniel Felipe Borborema.

A partir dessa data, muitos deles começaram a se desfazer de algumas conquistas que obtiveram ao longo dos últimos 3 anos. Cabeças de gado foram vendidas a preços inferiores à época da aquisição. “Tem gente que comprou vaca leiteira a R$ 1,5 mil e está vendendo por R$ 800. Uma judiação”, disse um dos líderes do acampamento, José Carlos dos Santos.

A Prefeitura de São Carlos afirmou que não tem conhecimento da ordem de reintegração de posse, mas a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi acionada para cuidar do caso.

Há três anos, houve a suspensão parcial do cumprimento da liminar até que as famílias fossem assentadas na área ou em outra propriedade. Na ocasião, eram menos de 20 famílias; hoje, o movimento ganhou corpo. “São 150 famílias que estão em seu terreno, mas a gente calcula umas 400 pessoas”, afirmou Zilda da Silva Costa dos Santos.

Um dos advogados que acompanha a determinação judicial, Waldemir Soares Júnior, alertou para a cautela que deve ocorrer para uma eventual desocupação da área. “Formou-se um novo bairro em São Carlos. A desocupação pode trazer grandes impactos à cidade”, comparou.

Ele afirmou que, apesar da oficialização da reintegração de posse, o documento não especifica uma data, mas em 15 dias os advogados devem se manifestar sobre o caso. “O que vamos tentar é prorrogar prazos, evitando que essa reintegração ocorra de forma a deixar as famílias desamparadas”, observou.

 

PREOCUPAÇÃO

O líder dos acampados afirmou que a produção da área é destinada à subsistência do grupo. Mandioca, hortaliças, banana, feijão e abacaxi são algumas culturas dos agricultores, que também têm gado leiteiro e aproximadamente 400 porcos.

“Era um espaço que estava abandonado e ganhou vida. Se as famílias forem despejadas daqui, elas perderão a sua dignidade”, acrescentou José Carlos dos Santos. O terreno é ocupado por áreas de preservação permanente. O grupo fez questão de mostrar que o espaço está intocado.

“Tenho pouca ambição. Meu único sonho é plantar e colher para me sustentar”, disse Wilson Bispo da Silva. “Cuido de cinco netos, dois de uma das filhas, que morreu. Se me tirarem daqui, não sei o que fazer”, acrescentou Filomena Leonilda de Oliveira.

 

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