AME pode prejudicar curso de Medicina
O reitor da Universidade Federal de São Carlos, Targino de Araújo Filho, o diretor-executivo do Hospital-Escola “Professor Horácio Carlos Panepucci” (HE), Sérgio Luiz Brasileiro Lopes e o presidente da Organização Social Sahudes, Sebastião Kury, se reuniram com a imprensa, no final da tarde desta sexta-feira, 28, para esclarecer detalhes do encontro que envolveu o Conselho Universitário da UFSCar. Um dos pontos da pauta foi a inserção dos cursos da universidade na área da saúde do município.
Targino ratificou que o curso de Medicina da UFSCar e o Hospital-Escola fazem parte de uma mesma política de saúde do município e alertou que a instalação do Ambulatório Médico de Especialidades pode comprometer a formação dos alunos. “Hoje os alunos fazem internato em Piracicaba e Rio Claro, mas estão prestes a voltar à cidade e demonstram preocupação com essa situação”, disse o reitor.
“É importante dizer que o AME não faz parte do curso de Medicina da UFSCar. O Hospital-Escola e o curso de Medicina estão intimamente ligados. Ninguém é contra o AME, mas por que dentro do Hospital se existem outros locais que podem abrigá-lo, inclusive próximo ao Hospital?”, complementou.
Segundo Targino, o Conselho da Universidade se posicionou favorável ao AME, entretanto, sem afetar o projeto do HE.
PREOCUPAÇÃO – O diretor-executivo do Hospital-Escola, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, explicou como será o sistema operacional da unidade, que é dividida em quatro módulos – um complementar ao outro, segundo ele. Lopes concorda que a partir da instalação do AME, o projeto do curso de Medicina da universidade está comprometido. “Não estou brigando pela Organização Sahudes e, sim, pela manutenção do projeto do Hospital-Escola. Se hoje mantenho minha posição em defesa da Sahudes é porque eles estão impedindo a entrada da construção do AME. Tenho certeza que se a Sahudes deixar o hospital, no dia seguinte tem obra para a implantação do AME”, observou.
AME: Conselho pede consulta a ministérios sobre instalação
Para o diretor-executivo do Hospital-Escola, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, o AME poderia ser construído em área anexa ao Hospital-Escola. Essa medida poderia contar com a participação do curso de Medicina da UFSCar.
“Na Rede Básica de Saúde não tem urologista. A consulta para um neurologista fica para dois anos. Essas e outras especialidades, a universidade disponibiliza, por meio do curso de Medicina. Nós acreditamos que essa situação pode mudar se a universidade participar do projeto do AME com o Hospital-Escola. O que não pode é a desconstrução de um projeto”, disse.
Questionado sobre a possibilidade do fim do curso de Medicina, o reitor Targino foi incisivo. “O curso de Medicina não acaba, o que pode acontecer é os alunos realizarem o internato em outras cidades. A Prefeitura de Araras já manifestou interesse em receber os alunos, Matão também. O que nos preocupa é que outros municípios estão mais atentos a isso do que São Carlos”.
Sobre uma possível intervenção judicial assegurando a manutenção do Hospital-Escola, há uma consulta jurídica sobre o assunto, segundo Targino. Caso haja a instalação do AME no primeiro módulo do HE, o Conselho Universitário da UFSCar solicitou uma consulta aos Ministérios da Educação e Saúde.
Com aporte de recursos, HE não fecha
O diretor-executivo do Hospital-Escola, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, afastou a possibilidade de fechamento da unidade diante da autorização do prefeito Paulo Altomani para a compra de medicamentos.
“O Hospital não fecha. O prefeito sinalizou a autorização para a compra de medicamentos, o que alivia o nosso estoque”, garantiu.
Segundo Sebastião Kury, presidente da Sahudes, a contabilidade do HE está sendo providenciada para ser entregue à Prefeitura. “Temos a relação de todos os cheques emitidos em 2013, com as cópias. Também pregamos a transparência na prestação de contas”, alertou.
Na noite de quinta-feira, durante entrevista à imprensa, Altomani manifestou o desejo da saída da OS Sahudes da gestão do Hospital-Escola, com uma possível intervenção judicial. “Infelizmente, o prefeito polemiza em torno da Sahudes, mas verdadeiramente o que ele quer é a implantação do AME no Hospital-Escola”.