Após crimes, população cobra mais segurança no Broa
Presidente da Câmara disse que devolveu R$ 316 mil à prefeita para por em prática Atividade Delegada e aumentar efetivo no policiais no Broa
Com ocorrências do último fim de semana e abuso de jovens que exibiram armas, CONSEG, vereadores e moradores do bairro rural cobram mais policiamento no Verão e temem por novos casos no Carnaval
Após as ocorrências que marcaram o réveillon de 2024 no Balneário Santo Antônio, que abriga a Represa do Lobo, mais conhecida como Broa, a população de Itirapina está cobrando das autoridades reforço na segurança neste período de verão e principalmente no Carnaval que ocorre na segunda semana do próximo mês.
Uma adolescente de 17 anos foi baleada durante a passagem de ano, na prainha da represa do Balneário do Broa. Familiares disseram à polícia que a adolescente estava na prainha do Broa com o irmão e amigos, quando caiu na areia. Ela recebeu alta na última terça-feira, 2 de janeiro. A Polícia Civil investiga o caso, mas ainda não se sabe quem fez o disparo. Em outra ocorrência, um homem foi esfaqueado no local e está internado em Rio Claro.
Um grupo de jovens que estava no Broa chegou a se exibir com dois revólveres ao som de um funk. Esta cena foi amplamente divulgada nas redes sociais através de um vídeo. Um outro vídeo mostra uma pessoa com uma arma de fogo apontando para o alto em meio à multidão.
O presidente da Câmara Municipal, Luciano Juruna (União Brasil) afirma que devolveu R$ 316 mil em dezembro à prefeita para que ela finalmente coloque em prática a Atividade Delegada para aumentar o efetivo de policiais no Broa para coibir o vandalismo e ampliar a segurança. A vereadora Claudete de Oliveira (PSDB), autora do Projeto de Lei que estabeleceu esta política pública em Itirapina, ressalta que esta reivindicação vem sendo feita desde o início do mandato. “Infelizmente, até agora a prefeita não fez nada neste sentido e somos obrigados a ver as lamentáveis imagens do que ocorre no Broa”, lamenta ela.
O empresário e ex-vereador Nico do Broa, que tem estabelecimento comercial no balneário, afirma que a Polícia Militar de Itirapina não trabalha para promover a segurança no Broa. “A PM de Itirapina só trabalha para multar, para fiscalizar carros, para ver validade de documentos, se o pneu está careca, se as pessoas beberam, para fazer teste de bafômetro e prender a carta (CNH), entendeu? O policiamento de Itirapina tinha que prever uma ronda ostensiva lá embaixo, na praia. Se tem muito turista, é preciso haver segurança. Quando tem uma festa na cidade, de rodeio ou outra coisa, se requisita de 10 a 20 viaturas. Tem 40 policiais. Aqui no Broa a polícia só vem para multar, para ferrar o turista que aqui frequenta. As pessoas de bem são prejudicadas. Agora, o bandido, o ladrão, pessoal de saidinha, pagam o o valor que tiver que pagar. O trabalhador que faz vaquinha para vir no Broa, pagar entrada, pagar pedágio é um coitado”
Nico não se conforma com a cobrança para o ingresso de veículos no seu bairro. “Cobrar a entrada aqui no Balneário é inconstitucional, tem que deixar aberto, deixar as pessoas entrarem. Deixar o povo vir e entrar. O comerciante tem que viver, tem que vender. Os comerciantes estão todos quebrados, falidos. As pessoas não conseguem fazer investimentos. Passamos sufoco aqui. Esta prefeita bolsonarista arrebenta com tudo. Cobraram R$ 100 para um automóvel entrar. Aqui não tem banheiro, não tem segurança, não tem nada. O pessoal corre risco de vida aqui. Teria que haver rondas ostensivas aqui. A polícia quando vê alguém suspeito tem que dar uma geral nele, ver se está armado, ver se está com droga. Pagamos IPTU, é uma área urbana. Quem gostaria que cercasse seu bairro e cobrasse para entrar nele? Não tem que cobrar para entrar”, comenta ele. Ele faz uma acusação séria contra atual administração. “Esta prefeita bolsonarista só quer dinheiro. O dinheiro da portaria é caixa 2, pois não se aceita nem pix e nem dinheiro. Não tem contabilidade. Já é para a campanha do ano que vem, vai para o bolso dos administradores. Esta é a verdade”.
A presidente do CONSEG (Conselho Municipal de Segurança Pública), Janaína Cândido, afirma que no final de 2023 realizaram uma audiência pública para traçar metas para as políticas de segurança no final do ano e também no Carnaval e ao longo de 2024. “Infelizmente, compareceram apenas os vereadores Luciano Juruna e Gabriel Goggi, além do delegado de polícia, Eusmar Danilo Bortolozi Broetto e o capitão da Polícia Militar Thiago Adolfo Facchini, além de algumas pessoas da comunidade. Infelizmente não apareceu ninguém da Prefeitura, apesar dos convites. Aliás, temos convidado o secretário municipal de Turismo, mas ele nunca compareceu à reuniões do CONSEG para debatermos a segurança pública em Itirapina”, destacou ela.
POLÍCIA MILITAR
A reportagem indagou a Polícia Militar através de contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e também o comando do 37º Batalhão com sede em Rio Claro, através de email, mas até o fechamento desta matéria não recebeu qualquer resposta.
OUTRO LADO
Com relação aos fatos do final de 2023 e início de 2024, a Prefeitura de Itirapina emitiu a seguinte nota com sua versão:
“A Prefeitura de Itirapina informa que nos feriados de Natal e Ano Novo foram adotadas diversas medidas para garantir a segurança dos visitantes e moradores do Broa. Entre as iniciativas, um Decreto foi publicado regulamentando valores diferenciados de portaria para o acesso de visitantes, seis salva-vidas foram contratados e três embarcações foram disponibilizadas para realizar o monitoramento da represa, seis integrantes da Defesa Civil estiveram presentes durante todo o feriado prolongado, prontos para agir em caso de emergências, além da ampliação do efetivo de funcionários na portaria, acompanhado de seguranças, para garantir a ordem no local.
A Prefeitura também informou à Polícia Militar sobre o grande fluxo de turistas esperado durante esse período, solicitando também o trabalho dos policiais militares através do programa de Atividade Delegada para reforçar a segurança no balneário.
Com relação ao incidente lamentável ocorrido no final do ano, a Prefeitura esclarece que se tratou de uma situação organizada entre grupos de WhatsApp, de forma clandestina, à qual a administração municipal não teve acesso. É importante ressaltar que a cobrança na portaria é feita apenas para veículos, e os jovens envolvidos no referido encontro (conhecido como “rolezinho”) chegaram nas imediações do Broa de Van e Uber, entrando a pé.
No dia 3 de janeiro, a prefeita Profª Maria da Graça Zucchi Moraes e o vice-prefeito Antônio Rafael Sanches realizaram uma reunião com representantes da Polícia Militar e da Polícia Civil para avaliar o incidente. Foi definido que será intensificado o monitoramento de toda a extensão do balneário, visando identificar e fechar os pontos que possam estar sendo utilizados para acesso clandestino de motos no local.
Também serão instaladas novas placas de sinalização a fim de melhor organizar os locais de estacionamento.
A prefeita Graça informa também que estará solicitando reforço no efetivo da Polícia Militar nos finais de semana com feriados prolongados, em especial no Carnaval, com o objetivo de garantir a segurança dos visitantes e moradores. Além disso, será publicado um Decreto Municipal para manter os valores diferenciados da portaria durante esse período de verão, visando evitar a degradação do meio ambiente.
A Prefeitura de Itirapina reitera seu compromisso com o bem-estar de todos e destaca que não medirá esforços para preservar o Broa, que é um dos principais pontos turísticos do município.”
COBRANÇA
APIB exige mais atenção do governo municipal
A APIB (Associação dos Proprietários de Imóvel no Broa) divulgou ontem uma nota oficial cobrando da prefeita Dona Graça Zucchi Moraes (PSD), uma atenção maior para o Balneário Santo Antônio na questão de segurança.
Abaixo, a íntegra da nota:
A Associação dos Proprietários de Imóvel no Broa – APIB, através do seu Diretor Presidente Luis Gomes Romão, informa que dentre os seus objetivos estatutários consta a representação dos seus associados visando a defesa dos interesses comuns e pleitear a participação junto aos órgãos públicos na definição da aplicação dos recursos de arrecadação da portaria, pedágios, IPTU e outros, para as obras de manutenção e serviços públicos no Broa.
No entanto, apesar de participar ativamente dos Conselhos Municipais, a administração municipal precisa dar mais atenção às suas reivindicações, tais como utilizar os recursos ali arrecadados para implantar uma fiscalização efetiva na Portaria para todos ingressantes, inclusive nos próprios municipais que integram as áreas de praias, para coibir os portadores de convites, muitas vezes vendidos por moradores, ali frequentem e façam atividades criminais e nocivas ao meio ambiente.
Para isso é preciso que estes fiscais municipais sejam apoiados pela Policia Militar principalmente e em tempo integral nos finais de semana e nos eventos festivos, o que deve ser objeto de decisão da Sra. Prefeita Municipal.
Quanto ao vandalismo ocorrido nos festejos do final de ano, esta Associação solidariza-se com as vítimas e moradores prejudicados e coloca-se à disposição para continuar pleiteando a defesa dos seus interesses perante os poderes públicos.