PAULO MELLO
São Carlos FM
A equipe feminina da ASF/São Carlos vive o momento mais expressivo de sua trajetória de 21 anos. Após conquistar o bicampeonato da Liga Paulista de Futsal Feminino, o time coordenado pelo técnico Fabiano Lourenço e liderado em quadra por atletas como Carla Reis, eleita melhor jogadora da final, e Vanessinha, artilheira e melhor pivô da competição, projeta agora voos mais altos: ingressar na Liga Nacional de Futsal Feminino.
Em entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM, o treinador destacou a evolução do projeto, que nasceu em 2004 voltado ao masculino e, desde 2020, tornou-se referência no futsal feminino paulista. “Foram anos de muito aprendizado. No início, perdíamos de goleada. Hoje, somos reconhecidos nacionalmente”, afirmou Fabiano.
A final deste ano reforçou o equilíbrio da rivalidade regional com Araraquara. O título veio após empate em 0 a 0 no tempo normal e 1 a 1 na prorrogação, com gol decisivo de Vanessinha. “É um orgulho enorme fechar o ano com essa conquista. O nível aumentou muito e cada jogo contra Araraquara é decidido no detalhe”, disse Carla.
Uma conquista fora das quadras pode transformar o futuro da ASF: o projeto da equipe foi aprovado no Ministério do Esporte, permitindo a captação de recursos via Lei de Incentivo Federal. O objetivo é financiar viagens, logística, estrutura de treinos e custos de arbitragem – pré-requisitos para a entrada na Liga Nacional a partir de 2027.
“É uma oportunidade histórica. Precisamos que empresas destinem parte do imposto de renda para o projeto, sem qualquer custo adicional”, explicou o técnico. Ele ainda destacou que pessoas físicas também podem contribuir, com dedução de até 7%.
Apesar dos títulos, a rotina da equipe é marcada por desafios típicos do esporte amador brasileiro. As atletas treinam em dois períodos, estudam à noite – muitas com bolsas integrais da Unicep – e ainda enfrentam dificuldades de estrutura esportiva.
A ala Carla relatou problemas recorrentes nos ginásios municipais, como limpeza, iluminação inadequada e vestiários deteriorados. “Não pedimos nada mirabolante. É manutenção básica para poder treinar e receber equipes grandes. Às vezes, chegamos a lavar o ginásio antes do treino”, disse.
A escassez de transporte também impõe sacrifícios. “Teve jogo que fomos 15 atletas apertadas numa van para enfrentar equipes de alto nível”, lembraram as jogadoras.
Ainda assim, o time disputou quatro competições em 2025, chegando às finais em quase todas. Na Liga Paulista, terminou campeã. No Campeonato Estadual, ficou em terceiro, atrás apenas de Taboão Magnus e São José, equipes consolidadas na Liga Nacional.
ASF busca apoio empresarial e reconhecimento local
Fabiano destaca que o projeto já representa São Carlos no cenário nacional, com atletas frequentemente sondadas por clubes da Liga. Carla destacou que “toda vez que entramos em quadra, carregamos o nome da cidade. Não é o time do Fabiano, é a ASF São Carlos”, afirmou.
A equipe iniciou visitas a empresas e aguarda apoio do setor produtivo. O prefeito Netto Donato recebeu o grupo e, segundo o técnico, manifestou intenção de ajudar na articulação com potenciais parceiros.
Para 2026, o desafio é ampliar estrutura e captação. Para 2027, o objetivo está claro: São Carlos na Liga Nacional de Futsal Feminino.
Assista a entrevista completa:
