Cartilha visa combater o uso do crack
O deputado estadual Donisete Braga (PT), coordenador da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas apresentou anteontem (9), na Assembleia Legislativa de São Paulo, uma cartilha anti-drogas, denominada “A Droga Não Me Usa, Sou Mais Vida”. O evento reuniu representantes de entidades e da sociedade em geral.
A publicação de 36 páginas fala sobre as características de drogas lícitas e ilícitas e seus malefícios, sobre prevenção e o papel da família no suporte aos jovens que enfrentam esse problema. Traz ainda uma relação de instituições e órgãos de ajuda que atuam na área.
“A cartilha tem o poder de informar e orientar jovens e famílias. É mais uma etapa da frente parlamentar, que tem conseguido avançar nesse debate de forma suprapartidária”, afirmou o deputado Donisete Braga.
Recentemente, a Frente fez um levantamento sobre drogas, realizado nos municípios de São Paulo. O estudo concluiu que, nos municípios paulistas, o crack avançou muito nos últimos anos, onde desbancou as demais drogas e provocou uma verdadeira epidemia, atingindo todas as regiões do Estado.
De acordo com o levantamento, o nível de consumo é alto em 181 cidades. Das 26 cidades que compõem a região administrativa de São Carlos (Central), 15 municípios, o equivalente a 77% da população da região, responderam a um questionário formulado pela Frente, o resultado mostrou um cenário extremamente preocupante, com a constatação do avanço da droga no interior do Estado.
Em São Carlos, 45% dos que participaram da enquete citaram o crack como a droga mais usada na região. Em segundo, com 40% das citações, veio o álcool. 82% dos entrevistados disseram que a idade média dos usuários de crack está entre 16 e 30 anos. Para Paulo Cesar Belonci, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar de São Carlos, o número de viciados e usuários aumentou visivelmente. “Se trata da droga mais apreendida”.
Belonci afirma que a quantidade de drogas apreendidas desde o começo do ano reflete os índices de consumo, o que justifica o número de viciados. Para ele, o consumo do crack aumenta em relação a outras drogas pois se trata de uma droga mais barata e com mais facilidade de vício.
De acordo com Márcia Kano, coordenadora do CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), o consumo do crack na cidade não é refletido apenas na entidade, pois também há outros órgãos responsáveis. “O CAPS não é a única porta de entrada para os dependentes de droga na cidade, aqui temos a rede básica que também faz esse trabalho”, afirma.
Em São Carlos, o CAPS atende 480 usuários por mês e desde 2002 tem 8.100 usuários cadastrados. O atendimento dos pacientes é feito por uma equipe de psiquiatras, enfermeiras, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos, auxiliares de enfermagem e agentes administrativos, além de contar com o apoio de estagiários da UFSCar, da Unicep e da Unicastelo (psicologia).
A coordenadora diz também sobre a cartilha lançada na última quarta-feira. “É importante que cada vez mais as pessoas tenham informação e divulguem”, completa.