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Delegacia registra dois casos de racismo em São Carlos

29/09/2014 22h51 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Delegacia registra dois casos de racismo em São Carlos

 

Mesmo na segunda década dos anos 2000, preconceito e discriminação racial permanecem no cenário social e continuam causando problemas. A Delegacia Seccional de São Carlos registrou dois casos de racismo entre o ano passado e este. “Foi um em 2013 e outro no decorrer de 2014, até o momento”, disse o delegado Rogério Fakhany Vita. Segundo ele, o número de ocorrências é pequeno. Ele acredita que a divulgação da lei do racismo acaba inibindo este tipo de ação, o que faz com que as estatísticas não sejam altas.

A Seccional local também é responsável pelas delegacias de cidades da região, como Descalvado, Ibaté, Santa Rita do Passa Quatro, Dourado, Ribeirão Bonito e Porto Ferreira, e nenhuma ocorrência foi registrada nesses municípios.

O delegado informou que ao longo de seus anos de trabalho, recebeu poucas denúncias de racismo ou injúria racial, e na maioria das vezes, elas são feitas por homens. 

Ele explicou que a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém usando meios para ofender através da cor, raça, etnia, religião e origem. “Se enquadra as pessoas ofendidas, vítimas de um xingamento, por exemplo”, comentou.

Neste caso, a pena varia de 1 a 3 anos de reclusão e multa.

Já o crime de racismo, que é considerado mais grave, é a ação de menosprezar alguém por sua raça e cor, proibindo a entrada do indivíduo em algum local ou deixar de empregar a pessoa em virtude da cor. Para estas ocorrências, as penas variam de 3 a 5 anos de reclusão.

 

A ESTATÍSTICA É ALTA, SIM

Para o sociólogo e pesquisador das relações étnico-raciais no Brasil contemporâneo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Valter Roberto Silvério, a estatística é considerada alta, sim. “Se levarmos em conta que existem mais de 5.500 municípios no país, e que em cada um deles possa haver uma ocorrência por ano, teremos mais de 5 mil casos, sendo que não deveríamos ter nenhum”, comentou.  

Silvério, que também é professor do programa de pós-graduação em sociologia da UFSCar, explicou que muitos negros que se sentem humilhados deixam de procurar a justiça por receio, falta de coragem ou por ignorância. “Há ainda aqueles que permitem brincadeiras de tons pejorativos e não se atentam que estão sendo alvo de chacota”, frisou.

O professor acredita que a naturalização do negro como ser inferior é um dos grandes problemas. Ele acredita que uma reforma no sistema educacional, desde o ensino básico, ajudaria a melhorar a situação. “As aulas de história mostram somente que os negros foram escravos e não frisam a contribuição da raça para a evolução do país. As mídias também sustentam a idéia de que o negro é sempre o subordinado, escalando atores afro-descendentes para atuar em papéis de empregados, os coitados e menos favorecidos”, comentou.

“O racismo destrói a pessoa. Deprimi. As pessoas que se sentirem lesadas não podem se omitir e devem procurar a justiça”, disse. 

O delegado Rogério alerta a todos que se sentirem agredidos a procurarem pela polícia para registrar um boletim de ocorrência. “O caso é registrado e instauramos um inquérito para dar seqüência ao processo”, concluiu. 

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