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Governo do Estado deixa São Carlos de lado e vai testar soro anti-covid em Araraquara

Mesmo com situação da cidade se agravando, a cidade vizinha é novamente privilegiada pelo governo estadual

26/03/2021 14h33 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Governo do Estado deixa São Carlos de lado e vai testar soro anti-covid em Araraquara O governador Doria fala sobre o início da fase de pesquisa da ButanVac, vacina própria contra a Covid

O Vice-Governador Rodrigo Garcia anunciou nesta sexta-feira (26) a criação de uma rede para garantir o tratamento de pacientes de Covid-19 pela transfusão do plasma de convalescente, produto obtido a partir do sangue coletado de outras pessoas infectadas com o novo coronavírus. Sob coordenação do Instituto Butantan, a nova estrutura deverá garantir a logística necessária para coletar, distribuir e utilizar o plasma convalescente nos serviços de saúde de todo o Estado. Os pilotos do projeto serão implantados, inicialmente, nas cidades de Santos, no litoral sul; e em Araraquara.

A cidade vizinha à São Carlos, mais uma vez, é privilegiada pelo governo do Estado em assuntos relacionados à pandemia. Mesmo com São Carlos apresentando colapso no sistema de Saúde, com a ocupação de UTIs batendo na casa dos 100% e a Santa Casa suspendendo o atendimento a novos pacientes, devido à falta de insumos, a cidade vizinha foi escolhida para testar o novo soro de tratamento contra a Covid-19, que pode colaborar com a redução no número de mortes e internações.

Recentemente, o prefeito Edinho Silva (PT) vem comemorando a redução de internações em Araraquara, que atribui ao lockdown feito pela cidade no final do mês passado. Em entrevistas concedidas à imprensa, Edinho chegou a destacar que a cidade não tinha mais fila para internação em leitos de UTI. O Prefeito disse que o aumento no número de casos e internações se deve à cepa amazônica do vírus Covid-19.

No entanto, a terra da laranja, desde abril de 2020, vinha descumprindo as normas estaduais de quarentena, estipuladas pelo Plano São Paulo, conforme reportagem do Jornal Primeira Página já havia apontado.

No final de junho do ano passado, o Procurador-Geral do Estado ingressou com uma ação na Justiça, exigindo que Araraquara cumprisse as regras do Plano São Paulo, tal qual as demais cidades. O desembargador e relator Élcio Trujillo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, reconheceu a argumentação e determinou que Araraquara cumprisse o Plano São Paulo, suspendendo a eficácia dos incisos IX e XIV do §2º e do §7º do art. 10 do Decreto nº 12.236, de 23 de março de 2020, e dos incisos I e V do art. 10-B e dos incisos II e III de seu § 1º e de seu § 6º e do Anexo Único (apenas quanto ao acréscimo dos incisos VIII e XIII ao Anexo II do Decreto nº 12.236, de 23 de março de 2020), do Decreto nº 12.284, de 29 de maio de 2020, do Município de Araraquara, até o julgamento definitivo da ação.

No entanto, o município não apenas descumpriu a decisão, como editou um novo decreto flexibilizando novas atividades, como a permissão para bares e restaurantes atenderem presencialmente até às 23 h, respeitando 4 h diárias e aumentando a capacidade de atendimento dos supermercados.

A tendência de Araraquara descumprir as normas estaduais vem desde abril de 2020, quando o estado ainda estava sob rígida quarentena, com o comércio não-essencial fechado. No dia 20 daquele mês, a Prefeitura de Araraquara editou decreto permitindo o funcionamento de academias, óticas, imobiliárias, escritórios de advocacia, entre outros seguindo protocolos específicos.

Em maio, quando o Presidente Jair Bolsonaro decretou que academias eram atividades essenciais, o governador João Dória criticou a medida e reafirmou que em São Paulo as academias permaneceriam fechadas. “Aqui em São Paulo, o governo respeita e ouve o seu secretário da saúde, respeita e ouve o seu comitê de saúde. O comitê de saúde e o secretário de saúde do estado de São Paulo nos indicam que ainda não temos condições sanitárias seguras para autorizar a abertura de academias, salões de beleza e barbearias neste momento”, disse Doria à época. No entanto, em Araraquara, a regra era diferente.

De acordo com a Prefeitura de Araraquara, a baixa letalidade da doença na cidade e uma série de medidas tomadas justificavam a flexibilização maior do que aquela prevista pelo Plano São Paulo. Entretanto, o índice de letalidade não faz parte das variáveis analisadas para determinar a classificação de uma região. Os indicadores utilizados são: ocupação de leitos de UTI-COVID; leitos de UTI a cada 100 mil habitantes e variação de casos, óbitos e internações.

 

 

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