Grupo de risco ignora vacina contra Gripe A
Perto de 26,7% de pessoas pertencentes ao grupo de risco ainda não foram imunizadas em 2012 no município contra a Gripe A (H1N1), segundo dados da Vigilância Epidemiológica da cidade. Esse grupo composto por gestantes, idosos, crianças – de seis meses a dois anos –, portadores de doenças crônicas, indígenas e funcionários da Saúde, soma 10.385 mil pessoas, somente em São Carlos.
Contudo a saúde conseguiu atingir 28,4 mil pessoas este ano. Esse volume representa 73,2%, além de 7.475 pessoas portadoras de doenças crônicas que receberam a dose da vacina.
Esta semana, a Secretaria de Saúde de Araraquara confirmou que a morte da dona de casa, Dalva Silva Gomes, de 52 anos, foi causada por complicações da Gripe A (H1N1), a primeira registrada na cidade.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de São Carlos, Edel Zoia, desde 2010, no primeiro surto do vírus no País, mais de 50% da população já foi vacinada. Em 2010 foram 111,9 mil vacinas aplicadas; em 2011 a dose contra o vírus influenza e a H1N1 já veio com a vacina de gripe comum e 26,6 mil (72,4%) pessoas dentro do grupo de risco receberam a dose na cidade.
Edel disse que o município trabalha para atingir a meda de 80% que representa a população de risco que depende do serviço público. “Acreditamos que a porcentagem que se mostra descoberta por nossa estatística seja aquela que busca o serviço na rede de saúde privada”, afirmou, ao ressaltar que o grupo dos idosos são os que menos comparecem às campanhas de vacinação.
Em uma sondagem da reportagem do Primeira Página entre as poucas clínicas que prestam o serviço particular, o preço para se vacinar é de R$ 50,00.
Em apenas seis meses, o estado de São Paulo já registrou 12 mortes e 54 casos provocadas pelo vírus A (H1N1). A Santa Casa de São Carlos identificou que no ano três casos que levantaram suspeita foram descartados após resultado dos exames e até ontem não havia registro de infecção pelo H1N1 entre os pacientes internados, como confirmou a auxiliar administrativa Mariana Boni Duran.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de São Carlos, Edel Zoia, nos últimos doze meses, nenhum caso foi confirmado no município, mesmo tendo suspeitos da doença. “Todos os exames vieram negativos”, disse.
Os casos registrados neste ano no Estado estão longe dos números da pandemia de 2009, quando 578 pessoas morreram após contrair a gripe. Em 2011, foram 26 casos e quatro óbitos no estado.
Gripe causa morte de 423 idosos em 4 anos
Paralelamente, a reportagem da Primeira Página apurou que o número de idosos acima de 60 que morreram em decorrência de pneumonia entre 2006 e 2010 na cidade é de 423 de acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica que informou também que são números absolutos de mortes atestadas por pneumonia, incluindo aqui as causadas por bactérias e demais causas.
Comparado com os dados de óbitos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com pessoas acima de 60 anos entre 2006 e 2010, as 423 mortes por pneumonia equivalem a 9% (foram 4.697 óbitos). Se comparado com o total de mortes em todas as faixas etárias, que foram 6.231 no mesmo período, as mortes por pneumonia representam 6,2%.
Tais dados deram suporte a uma pesquisa feita pelo médico e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, Rodolfo Telarolli Filho que revela que 10% das mortes de idosos acima de 60 anos são em decorrência da gripe que evolui para uma pneumonia.
A pesquisa se refere aos óbitos residentes em Araraquara, de 2006 a 2011. No total foram 5.763 mortes nessa faixa etária. Dessas mortes, 683 tiveram como causa a pneumonia (11,85% do total).
A pneumonia ocorre, em grande parte, como complicação da gripe. Daí a importância da vacinação da população idosa contra a gripe.
Comparando os dados de Araraquara com São Carlos, a cobertura da vacina contra a gripe na população idosa tem permanecido sempre abaixo da média do Estado de São Paulo, de acordo com o professor Telarolli Filho.
“Um paradoxo é que o idoso da região tem alta escolaridade, quando comparado com a média do Estado e do país. Em Araraquara, por exemplo, em 2011, menos de 5% dos que morreram com 60 anos ou mais eram analfabetos no sexo masculino; entre as mulheres o índice de analfabetismo entre as que morreram era inferior a 14%”, revelou.
