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Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto inova com uso de dispositivo para tratar aneurismas cerebrais

Objetivo é avaliar nova técnica que promete eficiência e segurança com diminuição de efeitos adversos

22/09/2024 20h59 - Atualizado há 4 minutos Publicado por: Redação
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto inova com uso de dispositivo para tratar aneurismas cerebrais

Um aneurisma cerebral é uma dilatação anormal, em formato de bolha, de uma artéria no cérebro, causada por uma fraqueza na parede do vaso. Essa “bolha formada” pode crescer ao longo do tempo e, eventualmente, se romper, levando a uma hemorragia cerebral, um evento grave em que apenas um terço dos pacientes sobrevive sem sequelas. A explicação é do professor Daniel Giansante Abud, do Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia (Rio) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, que coordena o serviço de Neurorradiologia Terapêutica e Radiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas (HC-FMRP), responsável pelos testes com um novo dispositivo com potencial para tratar aneurismas cerebrais, dispensando o uso intensivo de anticoagulantes.

Segundo o professor Abud, há poucas décadas os pacientes só descobriam o aneurisma cerebral na fase aguda, quando ele se rompia e se tornava um caso de emergência, problema que foi solucionado pelo avanço das técnicas diagnósticas por imagens de alta resolução que possibilitam a visualização do problema precocemente, permitindo acompanhamento da evolução e melhores decisões para evitar complicações.

A novidade, oferecida agora pelo HC-FMRP, usa um tipo de modulador de fluxo sanguíneo que evita a manutenção longa e rigorosa de medicamentos. “A inovação está na utilização de um material diferenciado na composição da malha desses neurostents, em comparação aos outros disponíveis no mercado, o que pode permitir que os pacientes tomem menos medicação e por um período mais curto”, informa Abud.

O objetivo, avalia o professor, é reduzir o uso e os efeitos colaterais de medicamentos após o procedimento e aprimorar a maneira como a condição é tratada, tornando o procedimento mais seguro. Nessa parte clínica do uso dos novos neurostents, o HC-FMRP deve tratar 100 pacientes com aneurismas cerebrais complexos, se tornando a primeira instituição do mundo a utilizar esse tipo de modulador, denominado ‘Derivo 2heal’ da empresa alemã Accandis, com um protocolo reduzido de anticoagulantes.

“Essa tecnologia de neurostents é bastante recente e começou a ser adotada em alguns países da Europa. No entanto, ela ainda segue protocolos tradicionais, que exigem dos pacientes uma dupla antiagregação plaquetária por cerca de um ano”, acrescenta Abud. O uso da nova tecnologia pelo HC-FMRP é facultado pela parceria com a empresa alemã.

De cirurgias invasivas a métodos tecnológicos
Abud conta que, no passado, pacientes que precisavam de um tratamento para os aneurismas cerebrais tinham que passar por uma cirurgia muito invasiva. No procedimento era feita uma abertura no crânio para poder acessar o aneurisma e inserir um grampo que cessava o fluxo sanguíneo para dentro da bolha.

O avanço da medicina foi tornando os tratamentos menos invasivos, com o método endovascular consolidado como uma alternativa eficaz à cirurgia aberta. Esta técnica envolve o uso de cateteres para acessar o aneurisma através da rede vascular, permitindo o tratamento direto da lesão. A embolização — procedimento cirúrgico para bloquear o fluxo sanguíneo — com molas (coils) foi uma das primeiras técnicas desenvolvidas. Através dela, espirais metálicas são inseridas no aneurisma, induzindo a formação de um coágulo que o isola do fluxo sanguíneo.

Conforme a tecnologia foi evoluindo, surgiram dispositivos mais sofisticados, como os stents diversores de fluxo que são colocados no vaso principal afetado pelo aneurisma, redirecionando o fluxo sanguíneo e promovendo a trombose do aneurisma, o que é obtido pela formação de um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo de forma gradual e segura, sem a necessidade de preenchê-lo diretamente.

Porém, estes tratamentos com dispositivos dependem de uso rigoroso de medicamentos para evitar o risco de trombose. A terapia, iniciada antes do procedimento e mantida posteriormente, envolve geralmente o uso da associação de dois medicamentos durante alguns meses.

No entanto, no Brasil, esse tipo de tratamento é apenas parcialmente coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que, embora ofereça cobertura para técnicas como a embolização com molas, não inclui as tecnologias mais recentes e avançadas, como os stents diversores de fluxo que possuem um alto custo.

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