Instituto Nacional do Câncer adota técnica criada em São Carlos
Os pacientes do Instituto Nacional do Câncer (INCA) já podem contar com uma tecnologia inovadora no combate ao câncer de pele não melanoma, um dos tipos da doença com maior incidência na população brasileira. O INCA passou a adotar o Lince, equipamento único no mundo que conjuga, em uma mesma plataforma, tecnologias com capacidade de detectar células cancerígenas por fluorescência óptica e tratar a doença por meio de terapia fotodinâmica (PDT).
Com a adesão do equipamento ao seu arsenal terapêutico, o Instituto passa a integrar oficialmente o programa “Terapia Fotodinâmica Brasil”, resultado de uma parceria entre o Instituto de Física da USP em São Carlos (IFSC-USP), o Hospital Amaral Carvalho (HAC) e as empresas MM Optics e PDT Pharma, que prevê o tratamento gratuito de 8 mil portadores da doença até o final de 2013.
Assim como o INCA, outros 99 centros médicos de diferentes áreas do Brasil estão recebendo o equipamento. Segundo a pesquisadora do IFSC-USP, Natália Inada, o objetivo do programa é legitimar a terapia desenvolvida nos laboratórios da universidade em parceria com engenheiros da área de P&D da MM Optics. Caso o índice de cura seja o mesmo obtido na fase de testes, ou seja, superior a 90%, a terapia será legitimada e o Lince poderá ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Até agora mais de 500 pacientes foram tratados e o índice de cura permanece superior a 90%”, comemora a pesquisadora.
Protocolo
A aplicação da técnica pelo INCA tem o objetivo de confirmar o protocolo para o tratamento do carcinoma basocelular superficial de até 2cm de extensão e 2mm de infiltração. Detectada a célula cancerígena, o protocolo prevê o uso de um creme fotossensível que fica sobre a região afetada durante três horas. Em seguida, a pomada é retirada e começa a aplicação de uma fonte de luz de comprimento de onda predeterminada, com duração de 20 minutos. O processo é repetido sete dias depois e, ao final de 30 dias, é feito um exame patológico do tecido para confirmar a cura.
“O interessante desta técnica é que o diagnóstico e o início do tratamento podem ser feitos num único dia, o que evita problemas de logística que trazem custos para o paciente e para o próprio governo. Como a tecnologia empregada no tratamento é 100% nacional, conseguimos otimizar o combate à doença a um custo acessível”, explica o diretor da MM Optics, Fernando Mendonça Ribeiro.
Custo
Esse “custo acessível” mencionado por Ribeiro refere-se ao preço final do equipamento para clínicas particulares que não fazem parte do programa “Terapia Fotodinâmica Brasil”. O diretor da MM Optics explica que o tratamento gratuito de 8 mil pacientes oferecido pelo programa representa contrapartidas da empresa e da USP em função dos aportes financeiros obtidos pelo desenvolvimento da tecnologia e do equipamento. Segundo Ribeiro, a MM Optics obteve R$ 2,3 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), enquanto o Instituto de Física da USP recebeu um aporte de R$ 3,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).