6 de Outubro de 2024

Dólar

Euro

Cidades

Jornal Primeira Página > Notícias > Cidades > Pesquisa da UFSCar transforma água do mar em potável

Pesquisa da UFSCar transforma água do mar em potável

26/12/2014 18h27 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Pesquisa da UFSCar transforma água do mar em potável

A crise hídrica é uma realidade presente em diversas cidades. Prospectando um futuro difícil na produção de água potável, uma pesquisa do Laboratório de Tecnologias Ambientais (Latea), do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos (DEQ/UFSCar) trabalha com protótipos que devem proporcionar a dessalinização da água. “É possível coletar água do mar e transformá-la em potável”, assegura o pesquisador Luís Augusto Martins Ruotolo, que trabalha no tema com o pesquisador Julio Jose Lado Garrido, do Instituto Madrileño de Estudios Avanzados, e com o aluno de doutorado, Rafael Zornitta.

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), começou por orientação do professor Mark Anderson, da University of Wisconsin, de Madison, nos Estados Unidos e consiste em duas placas de carbono que retêm o sal da água. Elas funcionam sob energia de 1,2 volt. “Ou seja, não envolvem pressões elevadas. A água passa pelas placas, que retêm o sal, e fica própria para o consumo”, esclarece.

“Já existem grupos que trabalham nessa pesquisa na Austrália, Holanda, Estados Unidos, Japão e Espanha, porém o professor Mark nos alertou que nenhum grupo nas Américas do Sul e Latina trabalham nesse estudo, então resolvemos trazê-lo ao Brasil”, complementou Ruotolo.

Segundo o pesquisador, os estudos, ainda, são realizados em escalas menores, em laboratório. “Precisamos realizá-la em escalas maiores, com o propósito de criar uma nova fonte de produção de água”, afirma.

No entanto, o professor faz ponderações. “Precisamos parar de poluir as águas. A água é um recurso finito, que precisa ser usada de maneira racional. Temos de pensar que a água que brota em abundância precisa abastecer as futuras gerações”, comenta.

 

ÁGUA DURA

Outro projeto desenvolvido no laboratório trabalha, desde 2012, com um processo para a remoção de íons, que conferem dureza à água, processo chamado deionização. 

Trata-se de uma tecnologia eletroquímica, que está em desenvolvimento, para remover o cálcio e o magnésio da água. A presença desses íons na água utilizada em indústrias pode gerar problemas, e alto risco de acidentes. “Os resíduos do cálcio e do magnésio em uma caldeira, por exemplo, podem chegar a causar uma explosão. Em linhas gerais, o que fazemos é aplicar uma voltagem elétrica à água, para que esses íons sejam atraídos e removidos, o que chamamos de abrandamento da água.”, destaca o docente.

 

NO NORDESTE

 

As pesquisas do professor Luís Augusto Martins Ruotolo começaram com outro sistema. O de dessalinização das águas do semiárido do Nordeste. “Muita gente não sabe, mas no subsolo do Nordeste há muita água salobra, que não dá para o consumo. Tirando o sal da água, há o desenvolvimento econômico da região”.

O método usado na região é chamado de osmose inversa, em que a água passa por um sistema de membranas. O sal e as impurezas ficam retidas, enquanto a água sai pronta para se beber.

O programa de dessalinização brasileiro começou a ganhar força na década de 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PDSB). Nas gestões dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, foi ampliado. Hoje, o programa Água Doce beneficia 100 mil pessoas em todo o país. A meta é atender 2,5 milhões até 2019. “Entretanto, alguns desses filtros pararam de funcionar por falta de manutenção. O problema é que esse processo é complicado, com manutenção complicada, e gasto energético alto”, comenta Ruotolo.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
plugins premium WordPress
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x