Políticas públicas devem se adequar à nova perspectiva de vida
A perspectiva de vida no Brasil tem a previsão de que o número de idosos triplique de hoje até 2050 – passando de 21 milhões de pessoas para 64 milhões. Por essas previsões, a proporção de pessoas mais velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em 2050.
Os idosos representarão um quarto da população mundial projetada, ou seja, cerca de 2 bilhões de indivíduos num total de 9,2 bilhões. Com isso, o Brasil, até 2025, será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Através de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dez anos (2000 a 2010) São Carlos registrou um aumento na perspectiva de vida de 0,74 ponto percentual em idosos entre 60 e 64 anos, de 6.113 para 8.672 pessoas, representando 3,91% da população. Entre idosos de 65 a 69 anos a perspectiva aumentou em 0,33 ponto percentual, de 5.005 para 6.480, representando 2,91% da população.
De acordo com a Organização, nos países em desenvolvimento, a expectativa de vida em 2050 será de 82 anos para homens e 86 para mulheres, ou seja, 21 anos a mais do que os 62,1 e 65,2 atuais.
A longevidade da população idosa e os novos perfis familiares trazem novas demandas de investigação. Diante deste quadro de evolução, é necessário que seja revistos, no segmento de políticas públicas, novos investimentos em setores de atendimento e acessibilidade a fim de acompanhar o crescimento da classe.
Para cálculo de expectativa de vida, o Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), se utiliza de diversos indicadores como qualidade de vida, acometimento de doenças e outras dimensões sociais.
De acordo com a professora do Departamento, Karina Gramani Say, o processo de envelhecimento caracteriza-se por um declínio gradual no funcionamento dos sistemas do corpo humano, mas isso não significa debilidade intelectual e física. A maioria das pessoas retém suas capacidades cognitivas e físicas em um grau notável. Os vários decréscimos relacionados com a velhice não ocorrem de modo linear.
Nem todos os sistemas orgânicos deterioram-se na mesma proporção, nem seguem um padrão similar do declínio para todas as pessoas. Cada pessoa está geneticamente dotada de um ou mais sistemas vulneráveis, ou um sistema pode tornar-se vulnerável por causa dos estressantes ambientais ou mau uso intencional, como exposição excessiva a raios ultravioleta, tabagismo e álcool. A soma das alterações biológicas, psicológicas e sociais leva ao encurtamento da expectativa de vida.
A Política Nacional do Idoso deve seguir as diretrizes mundiais do envelhecimento ativo. Todo país que possua o contingente de 7% de idosos na população devem elaborar suas políticas públicas que garanta direitos a classe. No Brasil possui 11% da população são idosos.
MUDANÇAS
Segundo Karina Gramani Say, muitas mudanças já ocorreram, através de políticas públicas, no que se diz respeito ao envelhecimento. Principalmente em considerar que a saúde do idoso não está direcionada somente ao acometimento de doenças, mas também na qualidade de vida social. “Antes não se pensava em manter o idoso ativo. Hoje não se pensa em só tratar de doenças, mas também na autonomia e independência, melhorando seu bem estar”, comenta a professora.
CASAS DE REPOUSO
Nos últimos anos, as instituições de longa permanência, conhecidas também como casas de repouso ou asilo, vêm melhorando muito em termos de organização, porém o nível insuficiente de vagas públicas e a estrutura mal adequada aos idosos são problemas que necessitam de soluções.
É importante também a adoção de medidas para o acompanhamento de idosos, não só para aqueles fragilizados, mas para aqueles que estão saudáveis, mas precisam de auxílio para gerenciar tarefas diárias.
Neste sentido, as políticas públicas também devem adequar condições sociais aos idosos, possibilitando que cada vez mais sejam independentes tendo como garantias a acessibilidade, integração e serviços públicos visando o bem estar da terceira idade.