Rádio AM se reinventa e fortalece na sociedade da informação
O rádio sempre mexeu com a imaginação do ouvinte, um lado de mistério e sedução, mas parece que estes elementos estão se perdendo aos poucos com uma locução chamada por muitos de “engessada”. Porém ainda há uma possibilidade de se encontrar a emoção que o rádio sempre passou desde a sua criação. A rádio AM sobreviveu aos tempos e vem se fortalecendo e é justamente aí, na AM, que o locutor pode transformar tudo em magia.
Por muito tempo, os futurologistas afirmam que com o advento das emissoras FM o AM perderia a sua força. Porém, no mundo da informação, as emissoras de Amplitude de Modulação, ou seja, as AM, ganharam força e reinventaram a sua linguagem. Esta ideia é compartilhada pelo radialista e jornalista Carlinhos Lima, apresentador do programa que leva seu nome na Rádio Clube de São Carlos.
“Falam que a AM iria acabar desde mil novecentos e bolinha e nunca acabou. Ela trouxe uma nova proposta a proposta da informação”, afirma Carlinhos Lima.
E é fato, enquanto hoje a linguagem da FM, principalmente em São Carlos, anuncia música e traz pouca intimidade com o ouvinte, programas como ‘Carlinhos Lima’ e ‘Hora do Leite’, apresentado Antônio Carlos Leite na Rádio Realidade, buscam uma proximidade com o ouvinte. “É como se fosse uma conversa cara a cara”, explica o radialista e também jornalista Antônio Carlos Leite.
Esta proximidade e interatividade com o ouvinte fazem com que cada radialista ganhe credibilidade em tudo o que fala, gerando assim uma confiabilidade extrema. É como um orientador, um conselheiro. “A rádio AM é prestação de serviço, informação, vida. As pessoas nos ouvem e acreditam no que falamos. Mesmo não nos conhecendo, somos amigos íntimos, parentes. Antigamente diziam que nos éramos o TED (Terror das Empregadas Domésticas), mas hoje não são só as empregadas que nos ouvem, mas também as madames”, conta Lima. “Todo mundo quer saber o que está acontecendo na cidade e é aqui no rádio que elas têm estas informações. O AM é a informação”, disse o radialista.
Para Antônio Carlos Leite, radialista de sucesso que apresenta o seu “A Hora do Leite”, na Rádio Realidade, a grande magia do rádio AM é fazer com que o ouvinte possa criar imagens sem ver o fato. “Posso falar de uma árvore que caiu em uma rua, o ouvinte não viu a árvore, mas pode imaginar da forma que quiser. O fato aconteceu, mas ele o cria em sua imaginação”, afirma Leite, que começou no rádio ainda criança.
“Lembro-me de uma situação engraçada. Eu apresentei a Voz do Brasil por muitos anos, uma vez, duas mulheres foram me conhecer, tinham curiosidade de saber quem era o dono da voz que apresentava o programa. Elas foram à emissora. Depois, quando elas estavam saindo, eu as acompanhava, mas não perceberam a minha presença e comentaram entre si: ‘É essa porcaria o dono de uma voz linda’. Veja, a rádio cria nas pessoas imagens que às vezes no real levam a frustração. É a mágica do rádio”, conta Leite.
PROFISSIONAIS – Tanto Antônio Carlos Leite como Carlinhos Lima concordam com uma coisa. Faltam profissionais para o rádio AM. Todos que buscam a formação de radialista buscam serem estrelas do FM e deixam de lado a verdadeira arte do rádio que acontece nos estúdios das emissoras chamadas de Amplitude de Modulação.
O coordenador do curso de radialismo – locução do Senac São Carlos, Eduardo Francisco de Moraes, 29, concorda que há falta de profissionais para o setor AM e até mesmo para encontrar professores para atuar neste campo. “É difícil encontrar profissional para lecionar a disciplina rádio AM. Faltam, sim, profissionais”, afirma.
“Os profissionais do AM são verdadeiros artistas, pessoas que envolvem o seu público com informações e verdadeiras ações que nos transformam em amigos íntimos dos nossos ouvintes”, concluem Antônio Carlos Leite e Carlinhos Lima.
Deveriam ser mais imparciais, não gosto de nenhum dos dois