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Reunião familiar soma tradição pagã e ideário do presépio

Costume teve início no Solstício de Inverno pagão nórdico e se consolidou quando presépio cristão passou a tornar família como “algo sagrado

23/12/2022 04h41 - Atualizado há 2 anos Publicado por: Redação
Reunião familiar soma tradição pagã e ideário do presépio Rovena Rosa – Agência Brasil

O inverno cai sobre o hemisfério norte. Os dias tornam-se mais curtos, as noites frias e longas, e a escuridão prevalece. Na noite mais longa do ano — na noite do Solstício de Inverno — quando a gelo e a escuridão pareciam não ter fim, os antigos pagãos recusavam-se a acreditar na morte do sol. Em vez disso, juntavam-se para celebrar a luz e a natureza adormecida.

Apesar de há muito desaparecidos, as tradições dos antigos povos pagãos persistem — no acender das luzes de Natal, nas decorações, ou simplesmente pelas mãos de inúmeros devotos que seguem, ainda hoje, as crenças antigas.

O psicólogo Rodrigo Monteiro explica que este comportamento coletivo de reunir famílias no Natal nasceu com os pagãos que buscavam celebrar a luz. “Com a cristianização no Século III, a data é incorporada na transformação do paganismo em cristianismo, a festa ganha os símbolos e a tradição cristã. O presépio para o Cristianismo é a sagrada família, o que dá ao Natal este comportamento coletivo, que transforma a reunião de família em uma tradição”, ressalta ele.

A reunião de família, segundo ele, é milenar que existia mesmo antes do Cristianismo. “O ser humano, em muitos casos, faz algo sem nem saber a razão pela qual faz aquilo. Vamos, praticamente no piloto automático. “A medida que as pessoas envelhecem e vão perdendo familiares, como os pais ou irmãos, muitos acham que o Natal perde um pouco a importância e a graça. Por outro lado, muitas vezes esta mesma pessoa ganhou esposa, filhos, netos, genros, noras, etc. Mas a questão é que uma pessoa acaba não substitui a outra. Por outro lado, dá uma ideia de continuidade. O ser humano é ligado a grupos e estabelece relações particulares e peculiares, afetivas e emocionais. As pessoas nunca esquecem a forma como se relacionavam com aqueles que já partiram. A memória afetiva está sempre viva. Não tem como substituir alguém”, destaca o psicólogo.

Segundo ele, a tradição da reunião familiar é tão forte que consegue reunir até mesmo aqueles parentes que brigam o ano todo ou que mal se conversam durante todo o ano. Ele explica que as famílias impõem sobre seus membros uma cobrança, de forma a tornar a presença de todos os familiares como uma verdadeira “obrigação”. “É um comportamento coletivo onde todos cobram as presença de todos. Para entendermos como uma família vê esta situação teríamos que, como psicólogos, fazer uma terapia de família”, ressalta Monteiro

COVID 19

Passado o terror do período mais crítico da pandemia, vivido entre 2020 e 2021, segundo Monteiro, a tendência é que as reuniões familiares sejam mais intensas, com maior número de pessoas e com mais abraços, beijos e carinho em geral. “Podemos pensar numa espécie de resgate das ceias, das festas e dos encontros de familiares”

Ele destaca que, com a vacinação em massa com várias doses, há um aumento de segurança sanitária entre as famílias, que vão se reunir com mais força após dois anos de grande temeridade de contágio. “Antes tínhamos muita gente entubada, muita gente na UTI. Hoje, com a imunização, a situação está mais tranquila. O número de casos vai cair, assim como os óbitos”.

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