Segurança em escolas leva professores e pais ao Paço Municipal
Os professores das escolas municipais Maria Consuelo Brandão Tolentino, Enedina Montenegro Blanco e José de Campos Pereira, todas localizadas no Cidade Aracy, protestaram contra a falta de segurança.
Eles se reuniram na manhã de desta terça-feira, 4, na porta do Edifício Sesquicentenário, e foram recebidos pelo secretário de Governo, Júlio Soldado. Os protestos começaram logo pela manhã, na Maria Consuelo, com o encontro de dezena de professores e alguns pais de alunos.
A manifestação ocorreu depois que um homem invadiu a escola Maria Consuelo Brandão Tolentino, na quarta-feira (29), com o pretexto de buscar o filho de dois anos. Quando foi avisado que o filho não estudava na escola, o pai se revoltou e danificou ao menos 10 carros com um facão. Segundo vizinhos, o suspeito é usuário de drogas.
Os professores temem pela própria segurança, dos pais e dos alunos. “Ele estava armado com facão e se fosse um revólver?”, questiona uma das professoras da escola Maria Consuelo.
“A direção da escola tomou todas as providências necessárias e a Prefeitura se comprometeu em manter um guarda municipal na escola por 30 dias”, de acordo com Júlio Soldado.
O secretário de Governo relata que é impossível colocar um guarda municipal em cada escola. “Temos 200 guardas municipais – de 28 a 30 trabalham diariamente. O problema da segurança é real e trabalhamos para resolver a situação da melhor maneira possível”, comenta.
MANOBRA – Antes de uma reunião com um grupo de professores, com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos Municipais de São Carlos (Sindspam), Adail Alves de Toledo e com o secretário de Governo, Júlio Soldado, houve momentos de tensão na porta da Prefeitura. Os professores não gostaram quando Soldado mencionou que os manifestos teriam conotação política. “Perguntei a uma professora há quanto tempo estava na rede. Ela disse 3 anos. Então por que não veio protestar antes? Não podemos criar um clima político. Os professores têm de pensar na segurança da escola e não ser objeto de massa de manobra política”, desabafou Soldado, que foi vaiado pelo grupo.
No final da reunião ficou definido que um guarda municipal ficará nas escolas do Aracy de segunda a sexta-feira. Para evitar novos danos e depredações, a Prefeitura deve estudar a instalação de vigilância aos sábados e domingos.
Soldado se comprometeu a abrir um canal de diálogo entre a Prefeitura e os professores para evitar novas manifestações. De acordo com o Sindspam ficou acordado ainda que os professores que participaram da manifestação, terão a falta abonada.
Professores relatam falta de condições de trabalho
Sob condição do anonimato – os professores temem represálias – docentes das escolas do Cidade Aracy relataram a falta de condições de trabalho nas unidades. “O Cidade Aracy tem nove escolas e falta segurança, a situação não é pontual. Roubaram dinheiro da minha carteira, clonaram cartão de cheque, riscaram o carro. Não temos segurança”, disse uma professora da escola Enedina Montenegro Blanco.
Inaugurada no final do ano passado, a escola José de Campos Pereira também enfrenta problemas. “A escola foi depredada. Não tem material pedagógico. Os brinquedos são os professores quem levam. Falta tinta, papel…”, comenta uma professora.
Joelma de Oliveira tem dois filhos na escola inaugurada em 2012. “Não tem uniforme, não tem cortina e os alunos se amontoam para se protegerem do sol”, afirma. O filho dela, Rauan, completa a frase da mãe: “É a Cássia [professora] quem compra [materiais escolares]”.
“O livro para contar historinhas é a gente quem compra”, afirma uma docente.
Sobre a deficiência de materiais, o secretário de Governo, Júlio Soldado, explica que os atrasos na entrega ocorreram por falta de licitação. “A licitação estava aberta desde o ano passado, mas apresentou diversos problemas de questões direcionadas”, polemizou.
Segundo Soldado, o processo foi suspenso e um novo edital estará na praça dentro de 10 dias. “Estimamos que o novo processo de licitação traga uma economia de 30 a 40% à Prefeitura. Dentro de 60, 75 dias os materiais estarão na escola”, afirmou Soldado.