Sobrepeso atinge 35% dos jovens que usam rede pública
O excesso de peso e a obesidade aumentaram no país no período de 2006 a 2011, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo com a médica nutróloga Maria Luiza Baptista Martinelli, da Secretaria de Saúde de São Carlos, os índices locais acompanham a evolução nacional.
Na avaliação da médica que atua no ambulatório de obesidade infanto-juvenil dentro da rede pública de saúde na cidade, Maria Luiza, perto de 35% dos pacientes que chegam ao ambulatório para avaliação nutricional já estão obesos e com grande probabilidade de desenvolver no futuro problemas cardiovasculares, aumento de colesterol e surgimento de diabetes. Em média são dez consultas diárias com crianças e adolescentes até 18 anos.
Dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostram que a proporção de pessoas acima do peso no Brasil passou de 42,7% em 2006 para 48,5% em 2011, enquanto o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8% no mesmo período.
Para a médica Maria Luiza, o problema é que os hábitos alimentares do cidadão levam o organismo a reter gordura por conta do sedentarismo e em contrapartida não existem políticas públicas que propiciem ao cidadão a fazer exercício físico como forma de mudar a rotina da acomodação.
“Onde está, por exemplo, uma ciclovia na cidade para estimular o uso da bicicleta como mecanismo de transporte?”, questiona.
O mesmo ponto de vista é compartilhado pela nutricionista da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Ana Cláudia Garcia de Oliveira, que indica que metabolicamente o organismo do homem está preparado para guardar gordura como os animais que engordam para gastar no período de hibernação.
“Os hábitos alimentares são equivocados. As pessoas entram em dieta e escolhem comer 1.500 calorias como forma de reduzir a alimentação, mas escolhem um alimento com base na gordura. De nada adianta a restrição alimentar que elas se propuseram a passar para perder peso”, afirmou.
Ana Cláudia disse ainda que enquanto a equação entre o que se come e o que se gasta de energia não chegar a um equilíbrio, a tendência é uma população obesa que corre inúmeros risos de saúde.
A nutricionista Giovanna Maffei observa que a obesidade traz fator de risco para outras doenças metabólicas como intolerância à glicose, distúrbios menstruais ou até mesmo infertilidade e apneia do sono.
“Além disso, sobrecarregam sua coluna e membros inferiores, apresentando, a longo prazo, degenerações (artroses) de articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos, além de varizes”, diagnosticou.
DADOS – O aumento da obesidade e do excesso de peso atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso, enquanto em 2011 as proporções passaram para 52,6% e 44,7%, respectivamente.
Entre os homens, o problema do excesso de peso começa cedo e atinge 29,4% dos que têm entre 18 e 24 anos. Entre homens de 25 a 34 anos, o índice quase dobra, chegando a 55%. Dos 35 aos 45 anos, o percentual é 63%.
Mulheres entre 18 e 24 anos estão acima do peso
Dados do Ministério da Saúde pela pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indicam que o excesso de peso na população brasileira também está ligado a fatores como idade. O envelhecimento, segundo a pasta, tem forte influência nos indicativos – sobretudo femininos. O estudo aponta que 25,4% das mulheres entre 18 e 24 anos estão acima do peso. A proporção aumenta para 39,9% entre mulheres de 25 a 34 anos e chega a 55,9% dos 45 aos 54 anos.
Em relação à obesidade, 6,3% dos homens de 18 a 24 anos se encaixam nessa categoria, contra 17,2% dos homens de 25 a 34 anos. Entre as mulheres, 6,9% das que têm de 18 a 24 anos são obesas. O índice quase dobra entre mulheres de 25 a 34 anos (12,4%) e quase triplica entre 35 e 44 anos (17,1%). Após os 45 anos, a frequência da obesidade se mantém estável, atingindo cerca de um quarto da população feminina.
Foram entrevistados 54 mil adultos em todas as capitais do país e no Distrito Federal entre janeiro e dezembro de 2011. De acordo com a Vigilância em Saúde, o objetivo é acompanhar os hábitos da população brasileira e subsidiar políticas públicas.