Coluna do Braga Jr.

Anos 60: Quando a Música Era Ingênua, Pura e Carregada de Esperança

Imagem/IA

Os anos 60 marcaram uma década de intensas transformações sociais, políticas e culturais em todo o mundo — e a música foi, sem dúvida, uma das expressões mais emblemáticas desse período. No Brasil e no exterior, as canções da época revelavam uma simplicidade melódica e lírica que, aos olhos de hoje, transbordava ingenuidade e pureza. Era um tempo em que a arte de compor ainda não se curvava às exigências do mercado, mas sim ao coração.

Naquele tempo, falava-se de amor com delicadeza. As letras descreviam encontros à beira-mar, promessas trocadas sob o luar e sentimentos que se desenhavam em versos suaves, quase tímidos. O romantismo dominava o cenário musical, mesmo quando falava de saudade ou despedida. A palavra era cantada com respeito, com pudor, com doçura.

No Brasil, a Jovem Guarda embalava os corações com suas guitarras comportadas e refrãos que celebravam a juventude, a amizade e o primeiro amor. Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos eram ícones de uma geração que descobria a liberdade em meio à repressão. As músicas falavam de um “calhambeque” que levava a amada para passear, de um broto encantador, de um beijo roubado com permissão poética.

Nos Estados Unidos e na Europa, os Beatles revolucionavam o mundo com canções que, mesmo repletas de inovação, começavam com a simplicidade de “Love Me Do” e “I Want to Hold Your Hand”. Antes da psicodélica e da crítica social mais ácida, os garotos de Liverpool conquistaram multidões com a proposta singela de segurar as mãos — um gesto pequeno que, nos anos 60, ainda dizia muito.

Era uma época em que a música falava mais do que o som. Ela traduzia um sentimento coletivo de esperança, de sonho e de mudança. Ainda que o mundo estivesse em ebulição, com guerras, ditaduras e protestos, havia nas canções um refúgio — um espaço onde a leveza era possível, onde o amor ainda era retratado com flores, cartas e juras eternas.

Hoje, ao revisitarmos aquele repertório, talvez, iríamos sorrir da ingenuidade de algumas composições. Mas é justamente essa pureza que encanta e emociona. Os anos 60 nos deixaram um legado sonoro que resiste ao tempo: a certeza de que, em meio à turbulência, sempre haverá espaço para a ternura. Porque, no fundo, aquelas melodias ingênuas não eram apenas fruto de uma época mais inocente. Eram — e ainda são — a expressão mais honesta de um desejo universal: o de amar e ser amado.

David John Braga Jr.

Compartilhe:

Recomendamos para você

Luto no cinema
Juliana Prado/AE O ator Peter Greene, de 60 anos, conhecido por interpretar vilões em filmes […]
Há 12 horas
Casa de Cultura/Flávio Craveiro
Grupo de São José dos Campos faz concerto na cidade neste dia 13 de dezembro, com entrada gratuita
Há 16 horas
Astrologia
Confira as previsões do seu signo
Há 20 horas