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Claire Adam volta a Trinidad para contar história de pai obstinado

Escritora perdeu um tempo tentando levar adiante um romance ambientado na Itália, onde tinha morado por um período, e outro em Londres

21/02/2021 09h32 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Claire Adam volta a Trinidad para contar história de pai obstinado Foto: Reprodução

A escritora Claire Adam perdeu um tempo tentando levar adiante um romance ambientado na Itália, onde tinha morado por um período, e outro em Londres, onde vivia, até se matricular em um mestrado de escrita criativa e ser confrontada por um professor. Afinal, por que ela não escrevia sobre Trinidad?

“Eu trabalhei tão duro para emigrar, não parecia fazer sentido voltar para lá, mesmo psicologicamente, para escrever sobre isso”, conta a escritora, que viveu na ilha caribenha do nascimento aos seus 18 anos.

Mas fazia sentido, sim – tanto que foi por causa de Menino de Ouro, que acaba de chegar às livrarias brasileiras, que sua carreira de escritora começou (e com elogios e traduções).

Seu romance de estreia é situado numa região pobre de Trinidad e acompanha uma família num momento extremo. Clyde e Joy têm dois filhos, gêmeos. Peter nasceu primeiro, é mais inteligente do que qualquer membro de sua família e do que a média em seu país – e, por isso, terá um futuro promissor longe dali. Paul nasceu de um parto complicado. Houve privação de oxigênio, e, já no hospital, a família ouviu algo que assumiu como certo: o garoto poderia ter, como sequela, um “retardo mental”. E assim os dois são criados até os 13. Com carinho, claro, mas com diferença.

Peter tem tudo. E, se conseguir a maior pontuação em um concurso, terá uma bolsa para estudar em qualquer universidade do mundo. O passaporte para sair da ilha, para ter o que seu pai não teve – e Clyde guarda todo o dinheiro da família para esse momento. Por insistência da mãe, que acredita que, ao lado de Peter, Paul poderia ter alguma chance, eles frequentam as mesmas escolas. Isso, a despeito da opinião do pai, para quem o filho “um pouco esquisito”, a quem sempre ameaça com a possibilidade de ser mandado para o hospício, poderia atrasar a realização do sonho da família – ou, do sonho dele. A vida segue seu curso até que um dia, após um assalto no qual os criminosos fazem os irmãos e a mãe de reféns enquanto buscavam exatamente por esse dinheiro, Paul some.

A história vira uma espécie de thriller, embora essa não tenha sido a intenção de Claire Adam – que nem gosta do gênero. Mas ela consegue envolver o leitor enquanto vai narrando o desafio que Paul e Clyde têm pela frente: a sobrevivência, o sonho. A história, aliás, é contada a partir do ponto de vista dos dois. Um livro sobre família e paternidade. Sobre a esperança de que a nova geração supere a anterior. Um livro sobre como as coisas podem dar errado quando não ouvimos o outro. E sobre escolhas impossíveis.

FAMÍLIA EM RUÍNA – Um pai diante de uma escolha impossível. Um homem que decide que ele tem que dar conta de tudo sozinho, e que acredita saber o que é melhor para todos. Esse é Clyde, um dos protagonistas de Menino de Ouro, livro que retrata uma família de Trinidad que sonha com um futuro melhor, mas que antes vai ter de superar as adversidades do presente: por que Paul, um dos filhos, desapareceu?, e se sua salvação significar o fim do sonho?

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