Criado por brasileiro, novo gênero literário chega a Portugal
Criação do escritor e jornalista brasileiro José Paulo Lanyi, o romance cênico “Deus me disse que não existe” (Clube de Autores) já está disponível em versão eBook no site da Bertrand Livreiros, rede fundada em 1732, em Portugal. “É uma honra ter um livro meu em uma livraria que foi aberta antes mesmo da deflagração da Revolução Francesa ou da proclamação da independência do Brasil”, afirma.
Narrado pelo Príncipe das Trevas, “Deus me disse que não existe” conta os bastidores de um estranho acordo: Deus e o Diabo decidem acabar com o Céu e o Inferno.
O romance cênico alia o romance tradicional ao teatro. “É uma narração com estrutura mista, delineada pelos elementos formais da prosa e do texto teatral. O leitor depara com duas obras: a que começa na primeira letra e se encerra no ponto final da história: o romance; e a que se desenvolve apenas nos diálogos que compõem as cenas: o teatro”, afirma o brasileiro na apresentação da obra. “O desafio do escritor é harmonizar os dois gêneros, de forma que o enredo se sustente tanto nas mãos do leitor quanto no palco”, explica.
Lanyi espera que o livro seja conhecido pelo público e estudado por universidades de Portugal. “Afinal, foi onde tudo começou”, sublinha ele. Mas destaca a importância de uma boa receptividade da obra no Brasil e em outros países lusófonos. “Não é todo dia que falamos da possibilidade do nascimento de um gênero literário, e em língua portuguesa, o que deixa tudo mais interessante. Vamos ver o que vai resultar da sua leitura e dos eventuais estudos que possam ser feitos”. No Brasil, a obra está no catálogo da Livraria Saraiva.
Carreira
Escritor, jornalista, produtor, crítico, roteirista e dramaturgo, José Paulo Lanyi é autor de vários livros, entre romances, volumes de crítica e textos teatrais e para cinema e televisão. Ele publicou, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, sua peça “Quando Dorme o Vilarejo”, reconhecida em 2002 com o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. O texto foi encenado com o apoio da ONU no Teatro São Bento, em São Paulo, em 10 de dezembro de 2008, data em que se comemoraram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Lanyi se graduou em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (SP), em 1993. Foi repórter de algumas das principais emissoras de rádio e televisão de São Paulo, entre elas, TV Bandeirantes, TV Manchete , CBN, Rádio Globo, Radiobrás e CNT. Na TV Globo-SP, coordenou a produção da rede no “Jornal Hoje” e produziu o “SP-TV-1a Edição”, além do “Jornal Nacional” e do “Bom Dia Brasil”.
Eça, Herculano, Antero de Quental…
“Livraria Bertrand é uma rede de livrarias de Portugal surgida em 1732 no Chiado, em Lisboa. Foi fundada por Pedro Faure1 , francês, casado com Magdalena Bonnardel Brunier e com duas filhas casadas com mais dois franceses que se radicaram em Lisboa. Madalena casada com João José Bertrand e Catherina casada com Martinho Bertrand2. A quando a morte de Pedro Faure, em 11 de Março de 1753, a sociedade ‘Faure & Irmãos Bertrand’ passa a chamar-se apenas ‘Irmãos Bertrand’ .
A Bertrand assumiu-se também como um local de tertúlia, funcionando como uma espécie de clube literário. Alexandre Herculano foi um dos notáveis mais assíduos, que para além de lá publicar os livros, não faltava à tertúlia diária. Para além de Herculano, outras figuras da Geração de 1870 por ali passaram. Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão eram alguns dos habitués, que utilizavam este espaço para falar de política e literatura”.
A obra no site da Bertrand Livreiros: http://www.bertrand.pt/ficha/deus-me-disse-que-nao-existe?id=16419545