Editoras independentes apontam perdas
Para entender o impacto
financeiro da pandemia do coronavírus no mercado editorial e identificar os
caminhos que as editoras independentes estão buscando para superar a crise, a
Liga Brasileira de Editoras fez uma pesquisa que revelou que 80,3% das
editoras, associadas à entidade ou não, estão recebendo com atraso e que 20%
delas disseram que mais de 50% de sua receita já sofre com a inadimplência do
setor.
Coordenada por Whaner Endo, publisher da W4, a
pesquisa ouviu 75 editoras em abril. Apesar de não estarem recebendo como o
esperado, 64% delas disseram que mantiveram os pagamentos a fornecedores em dia
enquanto 16% afirmaram que vão precisar atrasá-los em até 90 dias. A grande
maioria, 98%, já alterou a previsão de faturamento para 2020 e 78% prevê queda
anual de mais de 25%. Além disso, 81,4% das editoras ainda não buscaram linhas
de crédito adicionais. A complexidade do processo foi um dos motivos apontados.
Na área editorial, o impacto se reflete no
adiamento de parte ou de todos os lançamentos programados para este ano – algo
feito por 88% das editoras ouvidas. E 34,7% delas adiaram os lançamentos em
mais de seis meses ou não têm previsão para lançar o que já havia sido
programado. Outros dois dados: 37,4% das editoras decidiram antecipar o
lançamento de títulos no formato digital e 39% passaram a fazer edições em
e-books que não eram planejadas.
“Para as editoras sobreviverem, elas vão
precisar continuar investindo. Muitas delas estão fazendo e-books para tentar
aumentar sua receita, mas isso também exige investimento e recursos. Sem verba
de governo, muitas vão fechar, ou as pessoas vão precisar procurar emprego para
gerar renda para segurar a editora até a crise passar”, disse Tomaz Adour,
presidente da Libre.
Enquanto isso, a Justiça determinou na última
segunda-feira (27) que a Saraiva, em recuperação judicial, devolva 1 milhão de
exemplares para 21 editoras.