Escritor e biógrafo de Hemingway, A. E Hotchner morre aos 102 anos
Escritor e dramaturgo americano – e biógrafo e amigo de Ernest Hemingway
-, A.E. Hotchner (1917-2020) morreu no último sábado, 15, aos 102 anos, em sua
casa em Connecticut, de acordo com seu filho Timothy Hotchner.
Em 2018, ele lançou seu último livro, o romance The Amazing Adventures of Aaron
Broom, sobre um menino de 12 anos que tem o mesmo nome do autor e cresceu em
St. Louis, como o próprio Hotchner. À época do lançamento, o autor disse ao The
New York Times que aquele projeto o levaria até o ano de seu centenário.
“Eu queria que fosse uma história alegre, algo que comemorasse o fato de
você ter chegado à minha idade e, para minha enorme surpresa, ainda ter
ideias”, disse, na entrevista.
Sua infância foi tema de outro livro, lançado em 1972 com o título King of the
Hill – no cinema, na adaptação de 1993 de Steven Soderbergh, ele virou O
Inventor de Ilusões.
A história de Hotchner e Hemingway remonta a 1948, quando ele, que trabalhava
para a Cosmopolitan e andava abordando famosos para colaborar com a revista,
encontrou o autor de Paris é Uma Festa em Havana e os dois viraram muito amigos
– e ele se tornou seu biógrafo a pedido Hotchner e Hemingway se conheceram em
Havana. Hotchner estava trabalhando para a Cosmopolitan, encontrando pessoas
muito famosas e convencendo-as a escrever para a revista. Um dia acabou
sentando no bar favorito de Hemingway; a partir dali, perdeu a conta de quantos
daiquiris os dois tomaram, e ainda se tornou seu protegido.
Os dois viveram os altos e baixos inspiradores de Hemingway, narrados por
Hotchner em Papa Hemingway, lançado em 1966 e traduzido para mais de 25
línguas. Mas o livro tem uma história conturbada. A viúva de Hemingway, Mary, o
processou sem êxito, para interromper a publicação, alegando que Hotchner
violou a privacidade de seu marido e de si mesma. Ela teria ficado chateada que
o escritor contradisse sua afirmação de que o marido atirou em si
acidentalmente.
Já a amizade com Newman surgiu entre as muitas adaptações televisivas que
Hotchner fez das histórias de Hemingway. Em The Battler, o ator James Dean foi
cotado para o papel, mas Newman assumiu após o acidente de carro que matou
Dean.
Newman e Hotchner se tornaram amigos de pesca, vizinhos e parceiros de
negócios. Quando o ator quis vender seu molho caseiro para salada em algumas
lojas locais, ele pediu “Hotch” para ajudar. “Isso foi apenas
uma piada”, disse Hotchner em 2005 “Vamos investir US $ 40.000 e
seremos empresários.”
O negócio se transformou em um império sem fins lucrativos de Newman e todos os
rendimentos foram para caridade. Após a morte de Newman em 2008, Hotchner
escreveu sobre seu amigo em Paul and Me. Outros projetos nos últimos anos
incluíram uma coleção de cartas entre ele e Hemingway e uma reedição de suas
memórias de Hemingway. Entre outros trabalhos, Hotchner publicou o romance O
homem que Viveu no Ritz, a biografia de Doris Day e Sophia Loren e escreveu o
musical Let ‘Em Rot’.
Hotchner foi casado três vezes, mais recentemente com a atriz Virginia Kiser, e
foi pai de três filhos. Ele teve vários animais ao longo dos anos, incluindo
pavões, galinhas com pedigree e um papagaio africano chamado Ernie.