Katherine Boo desmascara a pobreza de Mumbai
Katherine Boo, ganhadora do prêmio Pulitzer, teve a ideia de se mudar para uma favela de Mumbai certa noite, quando estava deitada no chão da sua casa, na região de Washington, com um pulmão perfurado e três costelas quebradas depois de tropeçar num dicionário.
A ex-editora e repórter do Washington Post, hoje redatora da New Yorker, percebeu que, se não conseguia escapar à calamidade na sua própria casa, deveria então fazer o que ela mais gosta: narrar a pobreza a partir de um dos seus epicentros.
É isso que Boo faz em seu primeiro livro, “Behind the Beautiful Forevers: Life, Death, and Hope in a Mumbai Undercity” (“Por trás dos lindos para sempres: vida, morte e esperança em uma subcidade de Mumbai”). Desde seu lançamento, em fevereiro, a obra entrou na lista das dez mais vendidas de não-ficção e política, segundo o New York Times. Foi muito elogiada por mostrar ao leitor a vida dos pobres indianos e lançar luzes sobre a corrupção governamental.
Vários resenhistas notaram que, embora seja de não ficção, “Behind the Beatiful…” pode ser lido como um romance. O escritor indiano Ramachandra Guha disse que se trata do “melhor livro já escrito sobre a Índia contemporânea”.
Num livro que mistura etnografia e grande reportagem, Boo mostra as esperanças, medos e jeitinhos de algumas pessoas que (sobre)vivem na favela de Annawadi, à sombra dos hotéis cinco estrelas que cercam o aeroporto internacional de Mumbai.
“Há uma falta de histórias relatadas em profundidade sobre pessoas comuns, sem um mergulho suficiente nas vidas das pessoas”, disse Boo à Reuters.