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Marina Íris junta time de notáveis no disco ‘Voz bandeira’

03/01/2020 00h02 - Atualizado há 5 anos Publicado por: Redação
Marina Íris junta time de notáveis no disco ‘Voz bandeira’ Foto: Divulgação

Marina Íris cantou em março de 2019 na Câmara dos Deputados, em Brasília, o samba-enredo da Mangueira “História para ninar gente grande”, durante uma sessão solene em homenagem a Marielle Franco. Logo após sua performance, o carnavalesco da escola campeã do carnaval deste ano, Leandro Vieira, publicou um texto emocionado: “O certo é que nada, nem ninguém, falta na ‘voz bandeira’ de Marina Íris. Em sua dicção está o Brasil”, diz um trecho. Foi ali, no meio daquela declaração, que surgiu a ideia que inspirou seu terceiro álbum solo, “Voz bandeira”, disponível nas plataformas digitais.
— No geral, as pessoas elogiam as vozes dos intérpretes referindo-se ao timbre, à interpretação, à emoção, à potência… — conta Marina, famosa em rodas de samba cariocas por seu vozeirão — O Leandro fez essa descrição sobre como minha voz carrega outras vozes, como carrega um Brasil, assim como canta o samba da Mangueira.
“Voz bandeira” traz na ginga dos tambores a base para a cantora soltar a letra sobre questões como racismo, feminismo, ocupação do espaço público, liberdade, dança, a força da palavra e do som. Para tecer essa manhã de samba e luta, Marina trança música e poesia, convidando grandes artistas negras contemporâneas para a roda, em duetos musicais e faixas com declamações de textos.
Assim, o grito de Marina no disco é apanhado por Elisa Lucinda, que o lança para Ana Maria Gonçalves, e daí para Fabiana Cozza, Leci Brandão, Conceição Evaristo e Marcelle Motta — vozes que vão tecendo essa alvorada de coro feminino.
— É um encontro geracional de mulheres que ocupam diferentes territórios — diz Marina, sobre o álbum, que é parte do projeto “Joia ao vivo”, da gravadora Joia Moderna. — E a roda de samba é justamente essa costura de vozes, do encontro, da ancestralidade.
Já na abertura do disco, o samba sincopado “Voz bandeira” (parceria da cantora com Raul DiCaprio) traz versos como “Canto para libertar corpo, alma, prazer” que sintetizam essa valentia forjada pela potência da música. É essa postura afirmativa que também se ouve em canções como “Para matar preconceito” (Raul DiCaprio e Manu da Cuíca), hit cantado na palma da mão em dez de dez rodas de samba do Rio de Janeiro (“Sou Zezé sou Leci / Mercedes Baptista, Ednanci”).
Assim como em “Rueira”, seu último disco, o novo trabalho de Marina aposta numa sonoridade bem urbana, com a direção musical assinada por Ana Costa. O trabalho incorpora elementos do soul para dentro do tradicional ponto firmado do samba com cavacos, violões, pandeiros e tambores.
Em “Velha senhora” (de Teresa Cristina e Leandro Fregonesi), por exemplo, atabaques e teclado se misturam para evocar a orixá Nanã. Já em “Mana que emana” (Thiago da Serrinha e Bruno Barreto) é o toque da guitarra africana que tempera o caldeirão sonoro fervido por Marina.

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