Mudança no ISBN: Biblioteca Nacional questiona capacidade da CBL
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Depois
do anúncio feito na última quarta-feira, 18, pela Agência Internacional do
ISBN, de que a Câmara Brasileira do Livro assumiria a emissão do ISBN no Brasil
em março de 2020, a Fundação Biblioteca Nacional lamentou a não renovação de
seu contrato, vigente há 41 anos. Ela fazia esse serviço por meio da Fundação
Miguel de Cervantes de Apoio à Pesquisa e à Leitura da Biblioteca Nacional, com
sede na própria Biblioteca Nacional. O ISBN é o código que identifica um livro
(título, autor, país, editora, formato). Custa R$ 22 para fazer um.
Em nota, afirmou que a interrupção da parceria
da Biblioteca Nacional com a Fundação Miguel de Cervantes acarretará a
descontinuidade do apoio para a realização de projetos culturais “São
recursos extras ao orçamento, que foram até hoje importantes à
instituição.” Mais adiante na mesma nota, disse que o calendário será
mantido – que estão buscando parcerias, mas que o orçamento anual para essas
ações está garantido. Ainda segundo a nota, os valores arrecadados anualmente
com o serviço são da ordem de R$ 4 milhões.
A Fundação Biblioteca Nacional questiona a
capacidade da CBL, entidade privada que reúne editoras, livrarias e
distribuidoras, de realizar o serviço, o risco para a qualidade do atendimento
e o aumento no preço. “Não há garantia da excelência operacional da
prestação do serviço por terceiros tecnicamente desconhecidos, já que nenhuma
outra instituição ou empresa operou antes o ISBN no Brasil”, diz.
Quem vai prestar esse serviço para a CBL, como a
Fundação Miguel de Cervantes fazia para a Biblioteca Nacional, será a
Metabooks, uma empresa alemã ligada à Feira do Livro de Frankfurt que já está
presente no Brasil, depois de firmar uma parceria com a própria Câmara
Brasileira do Livro, com sua plataforma de gerenciamento de metadados. Na
Alemanha, ela é a responsável pela emissão do ISBN, além de oferecer o mesmo
serviço de metadados.
Sobre a qualidade do serviço que vem sendo
oferecido pela Biblioteca Nacional, o mercado diz que anda tudo bem. Mas anos
atrás, por causa de uma greve de servidores, os editores tiveram que esperar
cerca de 60 dias pelo ISBN – coisa que, às vezes, leva horas para emitir.
A mudança foi anunciada agora, mas já vem sendo
tratada há muito tempo. A CBL afirma que manifestou seu interesse à Agência
Internacional de ISBN em setembro de 2018. Desde o início do ano, a Biblioteca
Nacional, que tem um novo presidente, Rafael Nogueira, desde o dia 6, sabia do
risco de não ter o contrato renovado e vinha tentando contornar a situação.
Também em nota, a CBL garantiu que o preço será mantido para todos os usuários
do serviço, associados ou não à entidade e que está “focada em desenvolver
e implantar uma solução que ofereça as melhores soluções e serviços
relacionados ao ISBN”.